Procuradoria prepara novas denúncias na Lava Jato
Maior parte das investigações envolvendo o núcleo de políticos não está em primeira instância, mas na Procuradoria Geral da República
O procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nessa quinta-feira (14) que o esquema de corrupção na Petrobras "era pluripartidário". Ao divulgar três denúncias criminais contra quatro ex-deputados federais - os primeiros políticos da Lava Jato formalmente acusados perante a Justiça Federal -, e outros nove investigados o procurador assinalou que "os principais partidos envolvidos até onde as provas já chegaram nesse momento foram o Partido Progressista (PP), PMDB e Partido dos Trabalhadores".
São acusados os ex-deputados André Vargas (ex-PT), Pedro Corrêa (ex-PP) e Luiz Argôlo (ex-PP, hoje SD). Além deles, a ex-deputada Aline Corrêa (PP/PE), filha de Pedro Corrêa, também foi denunciada. A partir da apuração que tinha como alvo a lavanderia usada pelo ex-líder do PP na Câmara dos Deputados José Janene (morto em 2010) para movimentar o dinheiro do mensalão, a Lava Jato chegou a um bilionário esquema de corrupção e cartel na Petrobras, por meio de indicações políticas nas diretorias.
Nele, PT, PMDB e PP indicavam os diretores na Petrobras e arrecadavam de 1% a 5% de propina em contratos bilionários assinados com um cartel de 16 empreiteiras. São 15 delatores que já confessaram o esquema. As três denúncias dessa quinta envolvem políticos e ex-políticos do PP e do PT, mas os procuradores avisaram que 'novos pacotes (de acusações) virão' e que 'a maior parte das investigações envolvendo o núcleo de políticos não está em primeira instância, mas na Procuradoria Geral da República'.
Com essas três denúncias, a força-tarefa da Lava Jato estima já ter identificado um total de R$ 6,2 bilhões desviados em propinas na Petrobras - valor reconhecido pela estatal. Os procuradores explicaram que as primeiras denúncias contra políticos completam o primeiro pacote de acusações envolvendo o esquema descoberto a partir da lavanderia de dinheiro do doleiro Alberto Youssef - preso, condenado e delator dos processos.
Com as denúncias, o juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato - decidirá se aceita ou não os argumentos para decidir se abre processo criminal contra os ex-deputados. O primeiro pacote de denúncias contra políticos na Lava Jato tem duas frentes. Uma das duas denúncias que envolvem os dois ex-membros do PP - Corrêa e Argolo -, tem como origem os desvios de recursos da Petrobras via contratos do cartel, por meio da lavanderia do doleiro Alberto Youssef.
No caso de Vargas, ex-PT, as apurações se espraiam para um dos setores ainda pouco explorado na Lava Jato, os contratos de comunicação e publicidade, envolvendo outros órgãos do governo, Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde.
"Hoje (ontem) estamos ingressando pela primeira vez em um quarto núcleo, que é o dos agentes políticos", disse o procurador da República Deltan Dellagnol. "As denúncias de hoje (ontem) representam o começo do fechamento de um ciclo. Ao longo do último ano nós investigamos um imenso esquema de corrupção e haviam sido atingidos até agora com acusações criminais três núcleos, que são os dos agentes públicos, dos empresários e dos operadores financeiros ou profissionais da lavagem de dinheiro."