Câmara: Se não der para cumprir este ano, faremos em 2016
Após se deparar com protestos dos professores pedindo reajuste salarial e de integrantes do Movimento Sem Terra, governador mencionou a crise econômica nacional e disse ter quatro anos para cumprir promessas de campanha
Surpreendido por manifestações durante a abertura do seminário do Todos por Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) reforçou, nesta quarta-feira (29), que pretende cumprir as promessas feitas por ele durante a campanha eleitoral e pontuou a crise econômica nacional como a culpada pelos reajustes administrativos do governo. Segundo o socialista, não está sendo “singelo administrar” o estado com os desafios impostos pela situação da economia local e nacional.
“Vamos nos planejar para um ano desafiador. O Brasil está na recessão, não vamos crescer, o PIB vai diminuir. Estamos enfrentando uma série de desempregos e como governantes temos que trabalhar para reverter esta situação”, argumentou. “Tenho a tranquilidade de vir aqui hoje dizer que os meus compromissos serão cumpridos. Tudo que pactuei na minha campanha vou cumprir ao longo dos quatro anos do meu governo. Mas vamos ser verdadeiros e transparentes. Dizer a verdade. Não dar para fazer agora, vamos dizer. Se dar para fazer em 2016, vamos dizer”, acrescentou, justificando-se por não ter concedido o reajuste de maneira uniforme as professores estaduais. Eles estão em greve desde o último dia 13 e reivindicam o aumento de 13,01% a toda categoria, contestando o projeto de lei 79/2015, aprovado no dia 31 de março na Assembleia Legislativa.
Apesar de resistência atual, Paulo Câmara garantiu que pretende aumentar a remuneração dos professores, mas com contrapartidas. “Vou aumentar o salário dos professores, não tenho duvida disso. Estamos apenas nos ajustes iniciais do governo, muita dificuldade econômica e muita recessão no país”, observou o socialista. “Mas vamos cobrar resultados, (o aumento) vai ser vinculado a metas, a melhoria da qualidade de ensino. Não é simplesmente aumentar o salário sem ter contrapartida. Sempre disse na campanha eleitoral e vou reafirmar: os professores vão ter o tratamento adequado”, completou.
Confrontos – Durante a abertura do evento, alguns integrantes do Movimento Sem Terra e professores foram vistos em confrontos com a Polícia Militar e a segurança do Palácio do Campo das Princesas. Enquanto a cerimônia acontecia dentro do Centro de Convenções, em Olinda, dezenas de professores faziam um protesto em frente ao local, inclusive com o fechamento da via.
Questionado se conversaria com o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, sobre o assunto e pediria uma mudança de atitude, Câmara disse que os policiais já são treinados para tomar cuidado com manifestantes. “Agora tem que se ver os excessos. É preciso compreender. Vi pessoas deitadas no asfalto, isso não ajuda. Não é forçando a barra, a greve já foi considerada ilegal pela Justiça e as pessoas tem que respeitar as instituições”, cravou.
Abertura do Seminário - A última rodada de seminários do Todos por Pernambuco acontece durante todo o dia desta quarta-feira. Durante o evento, as gestões do PSB foram exaltadas pelo prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). De acordo com ele, o modelo de escutar a população para a construção das atividades do governo foi inaugurado por nomes como Pelópidas Silveira e Miguel Arraes, ex-prefeito do Recife e ex-governador, respectivamente. "Eles governaram nas ruas e com o povo", cravou.
Para Geraldo, o renascimento dessa iniciativa veio com o Todos por Pernambuco, criado pelo ex-governador Eduardo Campos (PSB). "Tudo feito com muito vigor por Eduardo. Muito do que entrou nos governos dele veio do que o povo levou aos seminários do Todos, hoje Paulo repete isso", disse. "Só acerta quem ouve o povo. O mais importante para um governo é fazer aquilo que o povo precisa", acrescentou o gestor.
O encerramento das atividades do programa será às 18h, com a participação do governador. Até agora, de acordo com o secretário de Planejamento e Gestão, Danilo Cabral (PSB), foram coletadas mais de 15 mil propostas. "Nosso governo acredita que o desenvolvimento tem que vir do consenso com a população", pontuou Cabral.