PT busca consenso entre dois nomes para tesouraria
Para evitar vazamentos, os celulares dos membros do diretório foram confiscados
Com cerca de quatro horas de reunião em São Paulo, os membros do Diretório Nacional do PT ainda não discutiram especificamente o nome do substituto do ex-tesoureiro João Vaccari Neto. Segundo relatos de integrantes da reunião, houve debates sobre conjuntura e reforma política e os membros do diretório buscam agora um consenso entre dois nomes para assumir a tesouraria.
Para evitar vazamentos, os celulares dos membros do diretório foram confiscados. Cerca de 30 petistas se inscreveram pedindo para discursar. As falas em torno de conjuntura, abordaram a situação atual do partido em meio às denúncias de corrupção na Petrobras e também passaram pela questão da sucessão da tesouraria após o afastamento de João Vaccari Neto, preso na quarta-feira.
Da reunião, sairá uma tese escrita pelo presidente Rui Falcão e aprovada pelos integrantes do diretório. No momento, estão sendo discutidas emendas à tese. A ex-prefeita de Fortaleza e deputada Luizianne Lins disse que houve análises sobre o crescimento do antipetismo, principalmente em São Paulo. "É preciso separar o núcleo duro da direito dos descontentes. Existe um setor da sociedade, descontente com o aumento da energia, da gasolina, que está sendo disputado. Não podemos deixar esse setor cair no colo da direita", disse Luizianne, que vê como um erro a tentativa de classificar as manifestações como um movimento apenas de direita.
A proposta de o partido abrir mão voluntariamente de doações empresariais foi debatida, mas o tema não deve ser decidido hoje. Segundo a petista, há um apoio forte à proposta, mas a definição deve ficar para o 5º Congresso do partido, marcado para junho, em Salvador.
Com relação a impeachment, Luizianne disse que não foi um tema tratado diretamente, mas que houve várias intervenções sobre as tentativas de se "criminalizar" e "aniquilar" o partido e sobre como o PT deve reagir.
"Uma das manifestações foram sobre como antes a polícia agia contra pobre e preto e sobre como agora é contra preto, pobre e petista", comentou. A deputada disse que a prisão de Vaccari foi mencionada por integrantes do diretório em meio às falas sobre conjuntura.
Ela disse que foi bastante apontada a coincidência da data da prisão na quarta-feira no mesmo dia em que diversos movimentos mais próximos ao PT faziam manifestações pelo País contra o projeto de lei 4330, que libera a terceirização para atividades-fim. O PT votou contra o 4330 na Câmara, enquanto PMDB e PSDB votaram favoravelmente e conseguiram a aprovação do texto-base.
Houve manifestações de diversos sindicatos e movimentos sociais contra o projeto e as votações de emendas e destaques ao projeto foram retardadas. "Falou-se muito desse momento em que a prisão aconteceu e como ela era desnecessária", comentou Luizianne em referência à argumentação petista de que Vaccari estava cooperando com as investigações e não demonstrava risco de fugir.
Questionada se o partido não acaba se vitimizando com o discurso adotado até aqui, Luizianne respondeu considerar uma reação natural. "Está sendo desproporcional. A vida não é assim? Quando tem alguma força desproporcional, a outra fica vitimizada." Ainda sobre conjuntura, Luizianne disse que se falou sobre o governo de coalizão. Ela afirmou que, sem a menção específica do PMDB ou de qualquer partido da base, houve defesas de que o PT deve puxar o governo para a esquerda.
"É um governo de coalizão, portanto quem deve nesta coalizão puxar a conjuntura para a esquerda é o PT, porque nós estamos em um governo de centro-esquerda, então quem tem que ser a ponta de esquerda que puxe o governo é o PT."