Sucessor de Roseana investiga precatório do cartel
Em ofício à Justiça Federal no Paraná, o órgão pediu compartilhamento das informações referentes às supostas irregularidades cometidas pelo governo de Roseana Sarney
A Secretaria de Transparência e Controle do Estado do Maranhão decidiu interromper o pagamento do superprecatório das empreiteiras do cartel alvo da Operação Lava Jato. Em ofício à Justiça Federal no Paraná, o órgão pediu compartilhamento das informações referentes às supostas irregularidades cometidas pelo governo de Roseana Sarney (PMDB) - que deixou o cargo 21 dias antes do fim de sua gestão alegando problemas de saúde - "no que diz respeito à irregular quitação de um precatório devido à empresa UTC/Constran".
"É importante ressaltar a urgente necessidade do Estado do Maranhão de ter acesso a informações e documentos pretendidos de forma a não apenas se promover a responsabilização funcional dos servidores supostamente envolvidos, como também para evitar novos pagamentos do acordo objeto de investigação e, especialmente, para tentar recuperar para o erário estadual os valores possivelmente desfalcados, que supera os R$ 4 milhões", registra a Secretaria de Transparência do governo do Maranhão, hoje sob gestão de Flávio Dino (PCdoB) - que derrotou Edison Lobão Filho (PMDB), candidato da família Sarney.
Ao autorizar o compartilhamento dos documentos, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Lava Jato, ressaltou que Roseana não desfruta mais de foro privilegiado. "Referida pessoa não mais ocupa o cargo governadora, não mais detendo, portanto, foro por prerrogativa de função", afirma o magistrado.
Em sua decisão, em que anexou parte da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, o juiz afirma que, no termo de declarações 51, "há descrição do fato, com a afirmação de que o pagamento do precatório foi viabilizado mediante pagamento de propina a João Abreu, na época Chefe da Casa Civil do Estado do Maranhão".
O magistrado ressalta a importância de fazer novas apurações sobre os fatos narrados por Youssef, "sendo necessárias provas que corroborem a palavra do criminoso colaborador", no entanto elencou três documentos da Lava Jato "que, prima facie, conferem alguma credibilidade ao declarado".
Moro afirma ainda que o compartilhamento dos dados poderá servir tanto ao governo do Maranhão como à Justiça Estadual do Maranhão. "Nessas condições e para evitar o pagamento de novos recursos públicos à empresa UTC/Constran pelo acordo eivado de suspeita, defiro, exclusivamente para fins cíveis e administrativos, o compartilhamento das provas com a Secretaria de Transparência e Controle do Estado do Maranhão, bem como para fins de instrução da ação popular 22918-54.2014.81.00001."