Everaldo se diz contra a taxação de grandes fortunas
O presidenciável do PSC, Pastor Everaldo, disse nesta quarta-feira, 20, ser contra a taxação de grandes fortunas, medida que tem sido estudada por diversas frentes e em vários países para aumentar a igualdade social. "Primeiro temos que reorganizar o nosso País, facilitar a vida do brasileiro para que todos entrem para a formalidade", afirmou ao participar da série "Entrevistas Estadão". E repetiu o bordão que tem adotado na campanha de "mais Brasil e menos Brasília" na vida das pessoas.
O candidato disse também ser impossível, atualmente, promover uma redução de impostos no País por conta do comprometimento da máquina pública. "Seria leviandade dizer que dá para reduzir os impostos hoje." A proposta dele é acabar em 20 anos com contribuições que não são repassadas para Estados e municípios. "Contribuições que não são repartidas com municípios nem Estados, essas eu vou extingui-las na proporção de um vinte avos por ano".
Questionado, o candidato não respondeu diretamente sobre suas propostas para a previdência e em relação à flexibilização das leis trabalhistas. Disse, genericamente, que é preciso melhorar as condições para que haja mais emprego e distribuição da riqueza nacional. Em seguida, afirmou que não trabalhará sozinho, que terá uma equipe e que, se eleito, ouvirá os diferentes setores da sociedade. "Defendo o princípio filosófico de Jesus, de ouvir todo mundo."
Com relação à previdência, o candidato não soube responder qual é sua proposta. "Estudei (o tema), só que os números aqui não os tenho", afirmou, ressalvando ter um "carinho especial" pelos aposentados.
Financiamento de campanha
Everaldo se disse favorável ao financiamento de campanha privado, da forma que se faz atualmente, mas com "transparência total". Ele argumentou que, com privatização de aeroportos e empresas estatais, diminuiria consideravelmente o problema de conflito de interesse entre doações de grandes empresas aos principais candidatos.
Perguntado se essas empresas não poderiam ter uma relação ética delicada, no caso de construção de escolas e hospitais - o candidato defende que o Estado cuide apenas de educação, saúde e segurança pública, enquanto tudo mais seja privatizado -, Everaldo disse que nesses casos há meios para se fiscalizar. "Temos o Ministério Público, o Tribunal de Contas, temos tudo para fiscalizar."
Durante a entrevista, o candidato do PSC disse ter intenção de ampliar programas sociais. Ele contou que participou no passado de programas que deram origem ao Bolsa Família, como o Cheque-Cidadão, mas que falta hoje ações de capacitação dos beneficiários de ações sociais do governo. "O melhor programa social para mim é quando o beneficiário diz: 'Não preciso mais desse programa'", afirmou. "Nenhum brasileiro vai ficar com fome quando eu for presidente."
Igrejas
O candidato disse ainda ser contra revisar o modelo de não tributação de igrejas no País. Apesar de reconhecer que se trata de uma "legislação antiga", Everaldo disse que é uma questão "cultural", que não cabe ser alterada e comparou à caipirinha, dizendo que mais da metade de acidentes de trânsito são causados pelo uso de álcool mas que não defende tornar as bebidas alcoólicas ilegais. "Sou favorável à manutenção da regra", disse.
O pastor disse repetidas vezes que sua religião não determinará um possível governo e se esquivou de comentar a relação de instituições religiosas com a política.
Questionado sobre o caso do bispo Rodrigues, do extinto PL, condenado no processo do mensalão, Everaldo disse que a maioria dos religiosos envolvidos com política não é corrupta e argumentou que só pode responder por si mesmo. "Só posso responder pela minha pessoa", afirmou. Everaldo disse considerar a corrupção como uma "erva daninha" que "sufoca um belo jardim" e que precisa ser combatida.
Pastor Everaldo foi o segundo presidenciável a participar da série Entrevistas Estadão. Na segunda-feira, 18, foi ouvido o candidato do PV, Eduardo Jorge, e na próxima sexta-feira, 22, será a vez de Luciana Genro (PSOL).