Votação de relatório na CPI do Cachoeira será no dia 18

Divergências e apresentação de cinco votos em separado marcaram a reunião desta terça

ter, 11/12/2012 - 14:10
José Cruz/Agência Senado Prazo para encerramento dos trabalhos encerra no dia 22 de dezembro José Cruz/Agência Senado

Depois de divergências sobre o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) e a leitura de cinco votos em separado e sugestões ao relator, o presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), marcou a sessão de votação para a próxima terça-feira (18). O texto final deve ser votado na ocasião, dias antes do prazo final para o término dos trabalhos, no dia 22 de dezembro.

Odair Cunha já adiantou que, mesmo com a inclusão das observações feitas durante a reunião desta terça-feira (11), não haverá mudanças substanciais no relatório final. "Muito do que foi apresentado nos votos em separado e sugerido pelos parlamentares já está no meu relatório, que englobou tudo o que foi investigado pela CPMI", declarou Cunha.

Ele precisará fazer uma terceira versão do texto (as duas anteriores tinham mais de cinco mil páginas). No início da sessão desta terça, os parlamentares apontaram erros na segunda versão. O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) apontou que em duas páginas, o relatório mantinha o pedido de indiciamento do jornalista da Veja, Policarpo Júnior. Em seguida, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apontou citações ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. “O relatório não elimina do texto as adjetivações maldosas feitas ao procurador-geral da República. Nós não estamos prontos para deliberar sobre o relatório”, considerou o senador.

Odair Cunha tinha dito anteriormente que retiraria do relatório os pedidos de indiciamento de Policarpo Júnior e de outros quatro jornalistas e de investigação da conduta de Roberto Gurgel. Na sessão desta terça, ele reafirmou a intenção e considerou as citações reclamadas como "erros materiais".

Votos



Cinco votos em separado foram apresentados nesta terça. O primeiro foi o do PPS, lido pelo deputado Rubens Bueno (PR). O documento critica o relator por deixar de fora governadores que supostamente teriam ligações com contraventor Carlinhos Cachoeira ou com a empreiteira Delta e pede a inclusão do pedido de investigação dos governadores Agnelo Queiroz (DF), Sérgio Cabral (RJ), Siqueira Campos (TO) e Sinval Barbosa (MT). Odair Cunha incluiu apenas o chefe do Executivo de Goiás, Marconi Perillo.

"Supostamente envolvidos no escândalo, [eles] foram blindados pelas forças governistas. Os requerimentos de convocação foram sistematicamente rejeitados", diz um trecho do texto, que também pede a investigação de empresas fantasmas, suspeitas de serem usadas no esquema de lavagem de dinheiro da quadrilha.

O voto do DEM também pede a apuração das denúncias contra 18 empresas, não investigadas pela CPMI, que teriam recebido R$ 421,6 milhões da Delta. “A comissão parou onde deveria começar, abdicou da responsabilidade de investigar”, frisou Álvaro Dias.

O PSDB também pediu a investigação das empresas laranja, além do indiciamento do  ex-ministro da casa civil, José Dirceu, entre outras pessoas.

O senador Randolfe Rodrigues também apresentou o voto em separado, ressaltando a necessidade de investigar a atuação da organização criminosa de Cachoeira no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

A última apresentação foi do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF). Ele defendeu a criação de uma comissão de deputados e senadores para acompanhar os desdobramentos das investigações do Ministério Público e da Polícia Federal a partir das conclusões da CPMI.

Relatório



Ao todo, o relatório do deputado Odair Cunha acusa 41 pessoas: 29 foram indiciadas e 12, por terem foro privilegiado, foram responsabilizadas. Nesse último caso, caberá ao Ministério Público Federal analisar se haverá inquérito ou ação penal. Todos os listados são acusados de ter ligação direta com o esquema ilegal de Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar uma quadrilha ligada à exploração de jogos ilegais, envolvendo servidores públicos.

Cunha faz diversas recomendações para que o Ministério Público aprofunde as investigações e prepare as denúncias à Justiça. Na semana passada, Cachoeira voltou a ser preso após ser  condenado a 39 anos de prisão pela Justiça de Goiás.

Com informações da Agência Brasil.

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