Relatório da CPI do Cachoeira deve ser lido na quarta

Parlamentares não entraram num consenso para a votação do texto final

seg, 26/11/2012 - 09:18
Laycer Tomaz/Agência Câmara Últimas reuniões foram conturbadas por falta de consenso Laycer Tomaz/Agência Câmara

O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira deve ser apresentada nesta quarta (28), após dois adiamentos da leitura. O relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG), deverá ler um resumo, já que o relatório tem 5.100 páginas.

Até quarta, Cunha pretende continuar conversando com os integrantes da comissão, a fim de chegar a um consenso. "Não jogarei fora o que escrevi. Pretendo continuar dialogando com o conjunto dos membros da comissão", disse. Odair Cunha admite que possa haver alterações no texto, mas não adiantou que mudanças no relatório poderão ser feitas.

O relatório foi muito criticado pelos parlamentares. Alguns deles foram à Procuradoria-Geral da República na sexta-feira (23) e protocolaram uma representação para que o Ministério Público aprofunde as investigações sobre o caso e apure as possíveis irregularidades que não foram apreciadas pela comissão. "Sempre há espaço para investigação. Como o Congresso Nacional se omitiu da sua obrigação constitucional, o Ministério Público poderá aprofundar a análise dos crimes cometidos não só no âmbito do Centro-Oeste, mas em todo o Brasil", avaliou o senador Pedro Taques (PDT-MT).

O PSDB também já compareceu à Procuradoria para que o MPF investigue a relação da Delta com 29 empresas de fachada que supostamente integravam o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira.

Desde o início da comissão, a relatoria e a presidência da CPMI tem sido acusada de direcionar os trabalhos por critérios partidários. Mesmo a possibilidade de alterar o relatório não contém os ânimos. "O que ele [o relator] vai fazer? Retirar o pedido de investigação contra o procurador-geral da República? Se o fizer vai se desmoralizar. O relatório é incorrigível. A investigação foi pessoal, direcionada e restrita. Não se apresenta relatório com essa intranquilidade. Demonstra insegurança e falta de compromisso com conteúdo", acusou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).

Já o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) aprovou o adiamento da apresentação. "Se temos a chance de aprovar um relatório que mais se aproxime do pensamento médio dos integrantes da comissão, não acho que seja questão de insegurança", argumentou.

Entre as críticas sobre o relatório está a responsabilização do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), além do fato de o relator ter poupado o chefe do Executivo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Odair Cunha também pediu que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) investigue a suposta demora do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em abrir investigação para apurar o elo do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos de Goiás.

A votação não deverá ser seguida da apresentação, já que alguns parlamentares já sinalizaram a intenção de apresentar voto em separado e pedir vista do texto do relator.

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