SP: Sindicato dos Bancários afirma ter sofrido censura
Um dia após ter jornais apreendidos por ordem da Justiça Eleitoral, dirigentes do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região classificaram nesta sexta-feira a decisão como censura e criticaram a campanha de José Serra (PSDB). A equipe do tucano entrou com o pedido, atendido em caráter liminar, por considerar que a entidade desrespeitou artigo da Lei Eleitoral que proíbe sindicatos e entidades de classe de colaborarem com campanhas.
A apreensão da Folha Bancária, com tiragem de 100 mil exemplares, e a ordem para tirar do site da entidade o PDF do impresso foi feita na noite de ontem, após decisão da juíza Carla Themis Lagrotta Germano. A coligação de Serra alegou que o material fazia "promoção da candidatura à Prefeitura de São Paulo de Fernando Haddad, com apoio da diretoria do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região". A Lei Eleitoral proíbe candidatos de receber doações diretas e indiretas, inclusive na forma de publicidade, de entidades de classe e sindicatos.
Em nota, o sindicato afirmou que "os trabalhadores têm direito a analisar as propostas dos candidatos". "Pode haver divergência, mas repudiamos a censura e sempre lutamos pelo fortalecimento da democracia", afirmou a presidente da entidade, Juvandia Moreira. "Não denegrimos a imagem de ninguém. Só não podemos noticiar o plano de governo de um dos candidatos que não tem seu material divulgado nos sites da campanha."
A última página da Folha Bancária traz uma reportagem com o título "O melhor projeto para São Paulo" e textos sobre Haddad, Serra e Celso Russomanno (PRB). O espaço dado ao petista era maior e a "maioria da diretoria do sindicato" declarou apoio ao candidato. No trecho sobre Serra, a reportagem disse que o tucano vetou projetos de interesse dos bancários e que o tucano não divulgou seu plano de governo.
Na sexta-feira pela manhã, o presidente nacional da CUT e diretor do Sindicato dos Bancários, Vagner Freitas, aproveitou discurso em ato com Haddad na Praça da Sé para criticar a medida judicial e o tucano. "Nós expressamos a opinião para defender não um candidato, e sim um projeto dos trabalhadores, e foi cerceado o nosso direito, invadido o nosso sindicato pela polícia", afirmou Freitas.
O sindicalista disse que a "Polícia Federal (sic) invadiu a sede do sindicato" e que parte dos meios de comunicação faz campanha para o candidato tucano. Haddad, que não costuma fazer críticas à imprensa em seus discursos, estava ao lado de Freitas e fez uma expressão de constrangimento. O petista limitou-se a dizer que "não comentaria" decisão judicial.
Para Serra, a decisão judicial não é censura, mas o cumprimento da lei. O tucano tratou com ironia as críticas feitas por sindicalistas e petistas em relação ao episódio. "Não é censura. É a lei, a legalidade. Para eles, a lei é censura quando se aplica sobre eles. É sempre assim", afirmou, após reunião com empresários do setor de feiras e eventos.
O tucano aproveitou o episódio para criticar os petistas, insinuando que o partido se beneficia da máquina pública e de entidades. "Estão de novo usando o aparato sindical. Isso é normal, o PT confunde tudo: partido, Estado, governo, sindicato... É tudo a mesma coisa", disse Serra.
A equipe jurídica de Serra afirmou que a liberdade de imprensa deve se basear no "dever específico de moderação do conteúdo da manifestação à luz de demais direitos fundamentais". O advogado Milton Terra afirmou que o uso de recursos do sindicato para produzir material favorável a um candidato pode dar origem a uma ação de improbidade administrativa e peculato contra os dirigentes da entidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.