Russomanno tenta se blindar; Serra e Haddad se atacam
Nos passos finais antes do primeiro turno da campanha pela Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB) usou carros de som para voltar a chamar o adversário Fernando Haddad (PT) de "mentiroso". José Serra (PSDB) também investiu contra o petista, comparando o uso do espaço da propaganda de vereadores no último dia de horário eleitoral de TV, anteontem, a uma afronta à Justiça tal qual "o mensalão". Já Haddad deixou os ataques para seu padrinho político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou o candidato tucano de "frágil".
Tanto nesta sexta-feira quanto neste sábado, véspera da eleição, os candidatos têm de respeitar uma série de restrições da Justiça Eleitoral. Russomanno está em queda nas pesquisas - o Datafolha diz que o candidato do PRB caiu dez pontos em duas semanas e hoje tem 25%, diante de 23% de Serra e 19% de Haddad. Na sexta-feira, ele abandonou uma carreata na zona leste. Antes, não desceu do jipe para cumprimentar eleitores, como costuma fazer, nem não quis conceder entrevista. A assessora de imprensa do candidato disse que deixou a carreata por causa de compromissos particulares.
Os carros de som seguiram o curso, alardeando a mensagem: "Oi, aqui é Celso Russomanno. Posso falar com você sobre transporte público? O Haddad vem mentindo quando diz que vou aumentar o preço da passagem", dizia a gravação do candidato. "A verdade é que vou reduzir. O Bilhete Único vai continuar o mesmo, R$ 3, valendo por três horas. Eu vou reduzir o preço e, se você andar menos, paga menos. E ainda o ônibus vai ter ar-condicionado. Posso contar com o seu voto?", encerrava Russomanno a gravação, repetida a cada 30 segundos pelos carros de som.
As críticas sobre a proposta de criar uma tarifa proporcional à distância percorrida são vistas dentro do próprio QG de Russomanno como o principal motivo da queda nas pesquisas do candidato. Segundo os adversários, Haddad à frente, a tarifa proporcional pesaria no bolso de quem mora na periferia - que pagaria o valor inteiro de R$ 3. Os descontos para quem percorre um caminho menor teriam de ser bancados pelos cofres públicos municipais.
No Shopping Center Norte, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Serra comparou o uso do horário eleitoral na TV de candidatos a vereador pelas campanhas de Haddad e Gabriel Chalita (PMDB) ao escândalo do mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. Os advogados do tucano pediram à Justiça Eleitoral que todos os outros candidatos tivessem direito a até 1 minuto cada em um bloco de propaganda extra, que seria exibido neste sábado. O pedido foi negado.
"O sistema judiciário é um sistema forte, que tem que ser respeitado. O mensalão é uma derivação disso. Parece desproporcional, mas o que houve foi uma transgressão frontal e acintosa às regras legais vigentes", disse.
O tucano classificou como "mais gritante" o uso de parte do programa de candidatos a vereador do PT. A prática é proibida pela Justiça Eleitoral, que costuma aplicar como punição a perda de tempo na transmissão seguinte. "Isso é gravíssimo e eu acho muito importante que haja uma reparação como elemento de preservação de regras da Justiça", disse o candidato do PSDB.
No evento de Haddad nesta sexta-feira na Praça da Sé, no centro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o candidato tucano. Para isso, lembrou o episódio em que Serra disse ter se sentido meio "grogue" ao ser atingido por um objeto numa caminhada no Rio de Janeiro, durante a campanha presidencial de 2010.
"A gente não pode aceitar nenhuma provocação, porque nós sabemos que tem muito candidato aí que até uma bolinha de papel que alguém jogou na cabeça dele e ele diz que foi uma agressão e culpa o PT", afirmou Lula. "Então, por favor, nada de brincar com bolinha de papel, nada de brincar de bolinha de isopor, nada. A partir de agora, nem bolinha de sabão vocês podem fazer", afirmou o ex-presidente, que, em tom de deboche e sem citar expressamente o nome do adversário, disse que Serra é "frágil". "Qualquer coisa o machuca."
Lula ainda afirmou que a eleição paulistana é a "mais complicada" da qual ele já participou na cidade, pois "há um embolamento". O ex-presidente disse que Haddad será o mais votado no primeiro turno. O candidato petista disse ter "confiança" de que chegará ao segundo turno. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.