CPI do Cachoeira agenda depoimento para terça-feira
Na quarta-feira será realizada uma sessão administrativa. Um das prioridades é decidir se haverá ou não prorrogação dos trabalhos
A CPMI do Cachoeira retornará às atividades na próxima semana. Na terça-feira (9), está agendado o depoimento do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), suspeito de envolvimento com a organização criminosa.
De acordo com a Polícia Federal, o parlamentar teria recebido dinheiro do grupo de Cachoeira, além de ter alertado o contraventor sobre uma operação policial e usado o cartão dele para fazer compras. Além das 72 ligações entre Leréia e Cachoeira entre março e junho do ano passado, o deputado é citado em 26 telefonemas entre o contraventor e supostos membros da organização.
Em nota divulgada pela assessoria em abril, o deputado afirmou ser amigo pessoal de Carlinhos Cachoeira, mas negou que tenha intercedido por licitação do interesse dele e que tenha relação com a exploração de jogos ilegais. “Ressaltei ser amigo de longa data sem, no entanto, com isso, incorrer em quebra de decoro parlamentar”, afirmou Leréia.
Essa é a segunda vez que o parlamentar é convocado. A primeira tentativa foi no dia 4 de setembro. À comissão, Leréia enviou um ofício avisando que não poderia comparecer devido a “importantes e inadiáveis compromissos pessoais anteriormente assumidos”. No documento, ele afirmou que está disposto a prestar esclarecimentos.
Agenda
Na quarta-feira (10), está marcada uma reunião administrativa para decidir os próximos passos da comissão. Um das prioridades é decidir se haverá ou não prorrogação dos trabalhos. O prazo para a conclusão termina em 4 de novembro. Para a comissão ter mais tempo para investigar, é preciso o apoio de um em cada três parlamentares do Congresso Nacional.
Mais de 500 requerimentos aguardam votação. Entre os pedidos de convocações de suspeitos estão os relacionados aos deputados José de Filippi (PT-SP) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Também há pedidos para depoimentos da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e do governador de Tocantins, José Siqueira Campos, para explicarem sobre contratos relacionados à construtora Delta, acusada de integrar a organização criminosa. Também há solicitações para uma acareação entre o governador de Goiás, Marconi Perillo, com suspeitos de representar os interesses de Cachoeira no governo goiano.
De acordo com o deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), a expectativa é de que a comissão consiga chegar a conclusões que vão além do que foi feito durante as operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. “A CPMI tem uma missão bastante clara e grande ainda, que é buscar provas sobre as quais a Polícia Federal e o Ministério Público não se aprofundaram. O objetivo principal da investigação naquele momento era o jogo do bicho. Quando nós da CPMI nos deparamos com a influência política, com relacionamento com obras públicas, dinheiro passando por construtoras e por empresas fantasmas, encontramos uma coisa que a Polícia Federal e o Ministério Público não tinham”, frisou.
O relator da CPMI, o deputado Odair Cunha (PT-MG), quer basear as investigações nos dados financeiros da organização de Cachoeira. Segundo ele, R$ 36 bilhões foram recebidos nos últimos dez anos por 75 pessoas e empresas acusadas de envolvimento no esquema. Cerca de 93% das 553 mil transações feitas em cheque não têm identificação de quem pagou nem de quem recebeu.
A CPMI ficou pouco mais de um mês suspensa devido às eleições municipais.
Com informações das agências Câmara e Senado.