Dirceu se dispõe a ajudar na Comissão da Verdade
Ex-ministro disse ainda que não se opõe à participação do ex-presidente FHC
O ex-ministro-chefe da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu disse que não se opõe à participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na Comissão da Verdade, mas acredita que o tucano não estaria disposto a abrir mão de sua agenda para atuar no grupo. "Não vejo nenhuma oposição, ele tem todas as condições, mas não é o caso de se colocar um ex-presidente da República numa comissão que vai ter um trabalho que ele não pode fazer porque ele tem outras funções. Não vejo nenhuma razão para vetar nenhum nome, inclusive o dele", disse durante palestra para sindicalistas na Força Sindical, em São Paulo.
Dirceu também se colocou à disposição da presidente Dilma Rousseff para colaborar com os trabalhos da comissão. "Vou estar às ordens, vou sempre colaborar", afirmou.
Para o ex-ministro, o volume de documentos a serem analisados (cerca de 26 milhões de documentos) pela comissão vai exigir o apoio de centenas de pessoas, principalmente pesquisadores, sindicatos e ONGs. O texto aprovado prevê que a comissão terá sete integrantes, indicados pela presidente, e apenas 14 assessores. Ele defendeu que a comissão também receba recursos fora do orçamento da União. "O orçamento não precisa ser só público, pode ter orçamento de fundações, doações. Pode-se mobilizar milhares de pessoas para trabalhar, como vai acontecer", previu.
Na opinião de Dirceu, a comissão, que investigará as violações aos direitos humanos entre 1946 e 1988, deve se ater apenas ao período do regime militar. "Ninguém vai discutir antes de 64, qual o interesse? O interesse de todos nós é a verdade durante a ditadura militar", reforçou.