Ucrânia: ataque com drone na Rússia
A defesa aérea russa derrubou um drone ucraniano no domingo (25) à noite quando se aproximava da base aérea de Engels
Ao menos três pessoas morreram em um ataque de drone ucraniano contra uma base aérea do sul da Rússia nesta segunda-feira (26), dia em que Kiev pretende solicitar a exclusão de Moscou da vaga de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
A defesa aérea russa derrubou um drone ucraniano no domingo (25) à noite quando se aproximava da base aérea de Engels, informaram nesta segunda-feira as agências de notícias russas.
A cidade de Engels, na região de Saratov, fica a mais de 600 quilômetros da fronteira com a Ucrânia. A base aérea já havia sido atacada em 5 de dezembro.
"Como resultado da queda dos destroços do drone, três oficiais técnicos russos que estavam na base aérea sofreram ferimentos fatais", informou a a agência TASS, que citou o ministério da Defesa.
A Ucrânia, que até o momento não fez qualquer comentário sobre o ataque, pretende pedir nesta segunda-feira a remoção da Rússia como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, anunciou o chefe da diplomacia do país, Dmytro Kuleba.
"Expressaremos oficialmente nossa posição. Temos uma pergunta simples: A Rússia tem o direito de permanecer como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU?", afirmou Kuleba no domingo à noite em um discurso exibido na televisão.
"Temos uma resposta convincente e fundamentada: não, não tem", acrescentou.
A Rússia é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao lado de Reino Unido, França, China e Estados Unidos.
O poder de veto permite que os membros permanentes bloqueiem qualquer resolução e torna o organismo impotente, como aconteceu em fevereiro, quando a Rússia invadiu a Ucrânia e os diplomatas se limitaram a ler declarações.
- A "Rússia histórica" -
Após 10 meses de conflito, o presidente russo, Vladimir Putin, justificou no domingo a ofensiva militar na ex-república soviética e declarou que o objetivo é "unir o povo russo".
"Tudo se baseia na política dos nossos adversários geopolíticos, que pretendem dividir a Rússia, a Rússia histórica", denunciou Putin em uma entrevista exibida na televisão estatal.
O chefe de Estado utiliza o conceito de "Rússia histórica" para justificar a intervenção militar na Ucrânia, que teria a meta de unir os ucranianos e os russos, que segundo Putin são apenas um povo.
"Estamos agindo na direção correta, estamos protegendo nossos interesses nacionais, os interesses de nossos cidadãos, de nosso povo", insistiu
Durante a entrevista, ele também prometeu eliminar o sistema de defesa antiaérea Patriot que o governo dos Estados Unidos fornecerá à Ucrânia.
"Claro que o destruiremos, 100%", disse, apenas três dias após a promessa de que o exército russo encontraria "um antídoto" para superar um "sistema bastante antigo".
Além do sistema Patriot, Kiev receberá um novo pacote de ajuda de 45 bilhões de dólares de Washington.
- Bombardeios na véspera do Natal -
No campo de batalha, o Estado-Maior russo confirmou há alguns dias que as ações na Ucrânia se concentram em tentar controlar por completo a região de Donetsk, que ao lado de Lugansk forma a bacia do Donbass, parcialmente ocupada pelos separatistas pró-Moscou desde 2014.
A Ucrânia insiste que vai reconquistar as quatro regiões que Rússia alega ter anexado no fim de setembro - Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson -, assim como a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
O sábado foi marcado por bombardeios no centro de Kherson, cidade do sul da Ucrânia recuperada por Kiev em 11 de novembro, após oito meses de ocupação russa.
Os ataques, chamados de "ato de terror" pelo presidente ucraniano Volodimir Zelensky, deixaram pelo menos 10 mortos e 55 feridos na véspera de Natal.
O presidente pediu aos compatriotas que se preparem para eventuais ataques até o fim do ano. "Devemos ter a consciência de que nosso inimigo tentará tornar este momento sombrio e difícil", afirmou.