COP15: esperança de um acordo para salvar a biodiversidade
O que está em jogo no Canadá é o futuro do planeta e se a humanidade pode reverter a destruição do habitat, a poluição e a crise climática, que ameaçam a extinção de um milhão de espécies de plantas e animais
Funcionários de alto escalão que participaram de negociações cruciais da conferência de biodiversidade da ONU no Canadá disseram, neste sábado (17), que estavam confiantes em chegar a um acordo para salvar a natureza.
Observadores alertaram que as negociações da COP15 destinadas a selar um "pacto de paz pela natureza" corriam o risco de desmoronar devido a divergências sobre quanto os países ricos deveriam contribuir para salvar os ecossistemas das nações em desenvolvimento.
Mas o ministro do Meio Ambiente da China, país que preside a cúpula, disse neste sábado que estava "muito confiante" de que os delegados conseguiriam adotar uma estrutura comum de ação antes do final do evento, na segunda-feira.
"Estou muito confiante de que seremos capazes de manter nossas ambições e chegar a um consenso", afirmou Huang Rinqiu a repórteres.
Seu contraparte canadense, Steven Guilbeault, concordou: "Fizemos um progresso tremendo. Não sei quantos de nós pensávamos que conseguiríamos chegar lá", declarou.
As negociações irão oficialmente até 19 de dezembro, mas podem ser estendidas se necessário.
O que está em jogo no Canadá é o futuro do planeta e se a humanidade pode reverter a destruição do habitat, a poluição e a crise climática, que ameaçam a extinção de um milhão de espécies de plantas e animais.
O acordo resultante deve ser um roteiro para os países seguirem até 2030, depois que o último plano de 10 anos assinado no Japão não conseguiu atingir nenhum de seus objetivos, algo amplamente atribuído à falta de mecanismos para monitorar sua implementação.
As mais de 20 metas em debate incluem um compromisso fundamental de proteger 30% do espaço terrestre e marítimo, algo que se compara com o compromisso do Acordo de Paris de manter o aquecimento global no teto de 1,5°C.
- Dinheiro importa -
Além disso, os ministros buscam pactuar a redução dos subsídios agrícolas que destroem o meio ambiente, obrigar as empresas a monitorar e divulgar seus impactos sobre a biodiversidade e estabelecer políticas sobre espécies invasoras.
Os representantes das comunidades indígenas, que preservam 80% da biodiversidade, querem que o direito de administração de suas terras seja consagrado no acordo final.
A questão de quanto dinheiro os países ricos enviarão aos países em desenvolvimento, que abrigam a maior parte da biodiversidade do mundo, tornou-se um grande ponto de discórdia.
Os países em desenvolvimento dizem que as nações avançadas enriqueceram com a exploração de seus recursos e que é hora de pagarem para preservar os ecossistemas.
Vários países anunciaram novos compromissos, tanto na COP quanto anteriormente. A União Europeia prometeu 7 bilhões de euros até 2027, o dobro de seu compromisso anterior.
Mas esses compromissos ainda estão muito aquém do que os observadores dizem ser necessário e do que buscam os países em desenvolvimento.
O Brasil, em nome de um grande grupo de países em desenvolvimento, pede 100 bilhões de dólares por ano, dez vezes mais do que os recursos aportados atualmente.
Mais de 3 mil cientistas publicaram uma carta aberta pedindo ação imediata para impedir a destruição dos ecossistemas.
"Devemos isso a nós mesmos e às gerações futuras, não podemos esperar mais", disseram.