Fumantes têm mais chances de desenvolver doenças nos olhos
Os efeitos da fumaça e das toxinas prejudicam as estruturas oculares e aumentam as chances de cegueira
Além de prejudicar pulmão e coração através das toxinas que se espalham pela corrente sanguínea, o cigarro também afeta a visão e pode levar à cegueira. Esta segunda-feira (29) marca o Dia Nacional de Combate ao Fumo e alerta para as doenças decorrentes do tabagismo.
De forma geral, o cigarro envelhece todas as células do organismo e estimula seu processo de oxidação. Esse efeito tende a aumentar a inflamação nos olhos e acaba interferindo nas estruturas oculares.
A oftalmologista Adriana Morgon do Instituto de Olhos do Recife (IOR) apontou que os fumantes têm mais chances de desenvolver catarata precoce e outros quadros como síndrome do olho seco e doença macular relacionada à idade.
"Já se sabe que ele faz uma alteração no metabolismo do cristalino, causando uma catarata. Outra forma que ele atua é na retina. A gente tem a doença macular relacionada à idade, que é uma das principais causas de cegueira acima dos 50 anos, e já se sabe que quem fuma tem até três vezes mais chances de desenvolver a doença", informou a médica.
As 4.700 substâncias tóxicas do cigarro também interferem no nervo ótico e aumentam a pressão intraocular já no uso imediato, sendo um risco aos pacientes com glaucoma, indicou a oftalmologista. "Foi feito um estudo em que se mediu a pressão do paciente antes dele fumar e, logo após ele fumar, essa pressão teve um aumento de 5 mm. Não tem como isso a longo prezo não ser danoso", comentou.
Dra. Adriana Morgan também alertou para os efeitos aos ex-fumantes - Foto: Divulgação
Além das toxinas, a fumaça faz com que fumantes passivos fiquem expostos às mesmas alterações oculares. Ela causa um olho mais ressecado e pode desenvolver intolerância para quem usa lente de contato.
Quem parou de fumar ainda não está livre dos riscos do cigarro aos olhos, pois os efeitos da experiência com o tabaco geralmente não são revertidos. Adriana recomenda que esses pacientes façam o exame completo e sejam acompanhados em consultas a cada seis meses para um eventual tratamento precoce.
"Os efeitos do cigarro são cumulativos e quantitativos. Então, embora uma pessoa seja ex-fumante, as células já foram expostas àquela substância e tiveram um processo de envelhecimento. Isso não muda", frisou.
Como recomendação, além de parar de fumar, é importante lubrificar o globo ocular com colírio e manter hábitos saudáveis de alimentação. Para quem convive com fumantes, é importante se manter afastado enquanto o cigarro estiver acesso e pedir para que o consumo ocorra em locais abertos e arejados.