Amazônia tem maior desmatamento em 15 anos, diz instituto

Desmatamento passou dos 10 mil km² pela segunda vez no período

por Vitória Silva qua, 17/08/2022 - 11:03
Divulgação/TV Brasil Vista aérea da floresta amazônica Divulgação/TV Brasil

A área de Floresta Amazônica desmatada em 2022 é a maior dos últimos 15 anos, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em um novo levantamento. De agosto de 2021 a julho de 2022, foram derrubados 10.781 km² de floresta, área que equivale a sete vezes a cidade de São Paulo. Os dados foram publicados nesta quarta-feira (17). 

O mapeamento de área desmatada contempla a Amazônia Legal, que corresponde à região de atuação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) delimitada por lei, com o objetivo de definir a delimitação geográfica da região política de atuação do órgão. Ou seja, define a parte brasileira da floresta, que atravessa nove estados e 772 municípios do país. 

Os novos dados do Imazon foram obtidos por meio do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto, que difere da metodologia do Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Segundo o Imazon, os satélites usados são mais refinados que os dos sistemas do governo e são capazes de detectar áreas devastadas a partir de um hectare, enquanto os alertas do INPE levam em conta áreas maiores que três hectares. 

Foi a segunda vez consecutiva em que o desmatamento passou dos 10 mil km² no período. Somadas, as áreas destruídas nos últimos dois calendários chegaram a 21.257 km², quase o tamanho de Sergipe. Também foi a quarta vez seguida em que a devastação atingiu o maior patamar desde 2008, quando o Imazon iniciou o monitoramento com o SAD. Confira no gráfico abaixo: 

Gráfico mostra mapeamento de área total destruída na Amazônia Legal, de 2008 a 2022. Foto: Divulgação/Imazon

Comparando os períodos de janeiro a julho, a área de floresta perdida neste ano cresceu 7% em relação a 2021, passando de 6.109 km² para 6.528 km². Isso significa que, somente em 2022, a região já viu um território de mata semelhante a cinco vezes a cidade do Rio de Janeiro ser posto abaixo. E esse também foi o maior desmatamento para o período dos últimos 15 anos. 

Esses recordes nos acumulados ocorreram mesmo com uma redução no desmatamento em julho, que passou de 2.095 km² em 2021 para 1.739 km² em 2022, um decréscimo de 17%. O que não significa que a destruição está em baixa: a área de floresta derrubada no mês passado foi a segunda maior para julho em 15 anos, também desde o início do SAD. 

Quase 40% da destruição ocorreu na Amacro 

Levando em conta o desmatamento ocorrido nos últimos 12 meses, 36% ocorreu apenas na região conhecida como Amacro, onde se concentram 32 municípios na divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia. Nessa área, há um processo de expansão do agronegócio, que derrubou quase 4 mil km² de florestas entre agosto de 2021 e julho de 2022. 

E, assim como na Amazônia, a destruição na Amacro também atingiu o maior patamar dos últimos 15 anos para o período. Só que, enquanto a devastação cresceu 3% na região amazônica, a alta foi de 29% na área de divisa entre o Amazonas, Acre e Rondônia. 

 

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