Síria liberta 60 presos sob anistia sem precedentes
O decreto prevê "uma anistia geral para os crimes terroristas cometidos pelos sírios" antes de 30 de abril
As autoridades sírias libertaram cerca de 60 presos, no âmbito de um decreto de anistia publicado no sábado (30) e considerado o mais amplo desde o início do conflito - informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) nesta segunda-feira (2).
"Mais de 60 presos foram soltos desde domingo (1º) em várias regiões do país, alguns deles presos há mais de dez anos", afirmou esta ONG síria.
O decreto prevê "uma anistia geral para os crimes terroristas cometidos pelos sírios" antes de 30 de abril, com "a exceção dos que provocaram a morte de um ser humano e daqueles previstos pela lei antiterrorista", informou a Presidência síria nas redes sociais.
Para ativistas dos direitos humanos, este decreto foi o mais completo sancionado até agora.
"Dezenas de milhares de presos" são elegíveis, muitos deles acusados de crimes relacionados com o "terrorismo", comentou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, que considera essa acusação "vaga" para "se condenar os detentos arbitrariamente".
A advogada Nora Ghazi, diretora da organização No Photo Zone, que dá assistência jurídica aos presos e familiares de desaparecidos, disse se tratar do "o mais amplo (decreto) desde o início da Revolução Síria".
Segundo uma lista de 20 nomes divulgada por ativistas nas redes sociais, presos que passaram anos na prisão de Sednaya, classificada de "matadouro humano" pela ONG Anistia Internacional, estão entre os detentos soltos.
Desde o começo do conflito, quase meio milhão de pessoas foram presas pelo governo Assad, e mais de 100 mil, mortas sob tortura, ou pelas péssimas condições das prisões, de acordo com o OSDH.
As forças do governo sírio também são acusadas de cometer tortura nas prisões, estupros e agressões sexuais, assim como de execuções extrajudiciais.