'Violência política não pode ser a norma', diz Biden

O democrata, de 79 anos, falará hoje, às 11h (horário de Brasília), na imponente 'Sala das Estátuas' do Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, na companhia de sua vice-presidente, Kamala Harris

qui, 06/01/2022 - 09:34
MANDEL NGAN Presidente Joe Biden em 3 de janeiro de 2022, na Casa Branca, em Washington MANDEL NGAN

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, dirá em seu discurso por ocasião do primeiro aniversário da invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro, por partidários do ex-presidente Donald Trump, que o país não deve permitir que "a violência política se torne a norma".

"Seremos uma nação que aceita a violência política como norma? (...) Seremos uma nação que permite que os funcionários eleitorais partidaristas anulem a vontade legalmente expressa pelo povo?", questionará Biden no discurso desta quinta-feira, conforme trechos enviados antecipadamente para a imprensa.

"Não podemos nos permitir sermos esse tipo de nação", acrescentará o presidente.

O democrata, de 79 anos, falará hoje, às 11h (horário de Brasília), na imponente "Sala das Estátuas" do Capitólio, sede do Congresso dos Estados Unidos, na companhia de sua vice-presidente, Kamala Harris.

Há um ano, neste mesmo local, circularam os apoiadores de Donald Trump, que deixaram os Estados Unidos e o mundo estupefatos. Uma multidão invadiu o edifício, na tentativa de impedir que os congressistas certificassem a vitória de Biden na eleição.

Há tempos, o presidente optou por desprezar seu antecessor, recusando-se, por exemplo, a nomeá-lo em público. Desta vez, porém, Biden decidiu mudar de estratégia e falará publicamente da "responsabilidade particular" de Trump neste episódio de violência.

Biden "vê o 6 de janeiro como um trágico desfecho do que quatro anos da presidência de Trump fizeram a este país", disse sua porta-voz, Jen Psaki, rompendo a linha mais cautelosa adotada até agora pela Casa Branca.

Os republicanos parecem preferir um perfil baixo. O líder dos conservadores no Senado, Mitch McConnell, comparecerá a um funeral no sul do país, longe dos atos em Washington. O próprio Trump cancelou uma coletiva de imprensa prevista para acontecer em sua mansão na Flórida.

- Desconfiança -

Segundo uma pesquisa publicada na quarta-feira (5) no site informativo Axios, apenas 55% dos americanos estão convencidos de que Biden é o vencedor legítimo das últimas eleições.

"Nossa grande nação oscila à beira de um abismo crescente. Sem ação imediata, realmente corremos o risco de uma guerra civil e da perda de nossa amada democracia", advertiu o ex-presidente Jimmy Carter no jornal The New York Times.

A esta nação profundamente dividida, Biden quer propor um caminho para fortalecer a democracia americana.

Nesse sentido, o presidente está tentando adotar projetos de lei sobre o acesso das minorias ao direito de voto.

Na próxima terça, Biden viajará para o estado da Geórgia (sul), símbolo das batalhas pelos direitos civis do passado e do presente, para denunciar "as tentativas perversas de privar cidadãos honestos de suas liberdades fundamentais", informou a Casa Branca.

Frente aos estados sulistas conservadores que multiplicam leis para dificultar o acesso de afro-americanos e latinos às urnas, a margem de manobra de Joe Biden é limitada.

Além de os democratas controlarem o Congresso por uma estreita margem, a popularidade do presidente diminuiu, depois de quase um ano na Casa Branca.

Este desgaste se deve a um acúmulo de fatores: cansaço diante de uma nova onda da pandemia da Covid-19, inflação persistente e lembrança da retirada caótica do Afeganistão.

De acordo com o site FiveThirtyEight, pouco mais de 43% dos americanos confiam em Biden para liderar a principal potência mundial.

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