ONU: Bachelet denuncia retrocesso sem precedentes
Em seu discurso inaugural, Bachelet disse estar "alarmada" com o "alto nível de violência política" nas recentes eleições legislativas e municipais no México
A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta segunda-feira (21) uma ação urgente, diante dos "maiores e mais graves recuos" nos direitos humanos que ela já viu, em um discurso no mais importante órgão da ONU nesta área.
"Para nos recuperarmos dos maiores e mais graves recuos dos direitos humanos já vistos, precisamos ter uma visão que mude a vida e uma ação coordenada" para implementá-la, declarou Bachelet aos membros do Conselho de Direitos Humanos, na abertura de sua 47ª sessão.
"Precisamos (...) de sociedades que, apesar de diversas, compartilhem compromissos fundamentais para reduzir as desigualdades e fazer todos os direitos humanos avançarem", acrescentou a ex-presidente chilena.
Em seu discurso inaugural, Bachelet disse estar "alarmada" com o "alto nível de violência política" nas recentes eleições legislativas e municipais no México e expressou sua "grave preocupação" com a repressão contra manifestantes na Colômbia.
"Pelo menos 91 políticos e membros de partidos, entre eles 36 candidatos eleitorais, foram assassinados durante o período eleitoral que começou em setembro de 2020", relatou Bachelet.
Ela também denunciou ataques e ameaças contra políticos, além de violência de gênero contra as mulheres, "incluindo violência sexual e campanhas de difamação".
As eleições de 6 de junho, nas quais o presidente Andrés Manuel López Obrador manteve a maioria parlamentar apesar de perder cadeiras, foram marcadas por vários atos de violência, inclusive no mesmo dia de votação em que foram assassinadas cinco pessoas que organizavam as eleições.
"É vital assegurar a prestação de contas por estes atos e garantir que não voltem a se repetir", frisou ela.
A ex-presidente chilena também abordou a onda de protestos contra o governo que explodiu no final de abril passado na Colômbia.
"Meu escritório expressou sua grave preocupação diante das acusações de sérias violações dos direitos humanos por parte das forças de segurança", afirmou Bachelet.
Segundo dados citados por ela, de 28 de abril a 16 de junho foram registradas 56 mortes (54 civis e dois policiais), principalmente em Cali, além de 49 vítimas de violência sexual.
As autoridades civis e a Defensoria da Colômbia elevam este balanço para pelo menos 61 mortos,, incluindo dois policiais.
Bachelet destacou ainda que, "embora a maioria das manifestações tenha sido pacífica, houve alguns episódios de violência". Nesse sentido, a alta comissária estimulou "o diálogo para resolver a crise".