Mais da metade dos LGBTQI europeus sofre assédio na escola
Nesta sondagem, feita em 2019, mais de 17.000 jovens com idades entre 13 e 24 anos foram entrevistados pela Iglyo, uma organização de jovens e estudantes LGBTQI
Mais da metade dos jovens LGBTQI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexuais) na Europa sofreram algum tipo de assédio por sua orientação sexual - revela uma pesquisa citada por um relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre educação divulgado nesta segunda-feira (17).
De acordo com esta pesquisa realizada on-line, "54% das pessoas LGBTQI foram intimidadas na escola pelo menos uma vez, devido à sua orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero, ou variações em suas características sexuais".
Nesta sondagem, feita em 2019, mais de 17.000 jovens com idades entre 13 e 24 anos foram entrevistados pela Iglyo, uma organização de jovens e estudantes LGBTQI.
"A violência baseada na orientação sexual, na identidade de gênero, na expressão de gênero e nas variações nas características sexuais é um problema generalizado em todas as escolas europeias", informa o relatório de Acompanhamento da Educação no Mundo (ou GEM, Global Education Monitoring) da Unesco, divulgado hoje, por ocasião do Dia Mundial contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia.
Mais de oito em cada dez entrevistados (83%) afirmam terem testemunhado comentários negativos para com alunos LGBTQI, e mais de dois terços (67%) foram alvo de tais comentários, pelo menos uma vez. Estes incidentes raramente são relatados à equipe educacional, devido à falta de reação.
Apenas 3% dos professores intervêm sistematicamente, ao testemunharem estes incidentes, enquanto 80% nunca, ou quase nunca, intervêm, acrescenta a pesquisa.
"Educação não é apenas matemática e palavras", disse Manos Antoninis, diretor do relatório GEM da Unesco.
"As escolas devem ser inclusivas, se quisermos que a sociedade também seja", frisou Antoninis, citado em um comunicado da Unesco à imprensa.
Na mesma declaração, o diretor-executivo interino da Iglyo, Jonathan Beger, lamentou, por sua vez, que, "apesar das mudanças no discurso nacional em muitos países, muitos alunos LGBTQI ainda não se sentem seguros e bem-vindos à escola".
O isolamento dos jovens e o forte aumento das interações on-line no ano passado também podem ter aumentado o fenômeno do assédio e da marginalização, acrescentou Berger.
A análise anexada ao relatório GEM confirma que a discriminação contra alunos LGBTI é um fenômeno global. Para enfrentar este quadro, a Unesco defende "um ambiente seguro de aprendizagem (...)", considerando que este é "um passo crucial para conseguir a inclusão dos estudantes LGBTQI".