Covid: CEO da Johnson & Johnson fala em 'imunização anual'
Mutações do coronavírus podem trazer cenário igual ao da gripe
O CEO da Johnson & Johnson, Alex Gorsky, afirmou em entrevista nesta terça-feira (9) que acredita que a vacina contra a Covid-19 vai precisar ser administrada anualmente por conta das constantes mutações do coronavírus Sars-CoV-2.
"Infelizmente, como [o vírus] se espalha, ele pode também sofrer mutações. Cada vez que ele sofre mutação, é quase como um outro clique no botão, digamos assim, e nós podemos ver outra variante. Outra mutação pode ter um impacto na sua capacidade de afastar anticorpos ou de ter um tipo diferente de resposta não apenas a um tratamento, mas também a uma vacina", disse em entrevista ao canal norte-americano "CNBC".
Ainda conforme Gorsky, essa prática de vacinação pode durar ainda "muitos anos", sendo semelhante ao que ocorre no caso das gripes comuns. O CEO também informou que a empresa está trabalhando "com máxima velocidade" para produzir as doses da vacina contra o coronavírus Sars-CoV-2 e que está "extremamente confiante" na resposta positiva à autorização para uso emergencial nos Estados Unidos, que está sendo analisada pela Agência de Alimentos e Drogas (FDA). A previsão da empresa é ter entregue, até junho, 100 milhões de doses para o mercado norte-americano.
A vacina da Johnson & Johnson, desenvolvida pelo braço belga da empresa, o laboratório Janssen, é bastante aguardada pelo fato de ter a aplicação em dose única, o que facilitaria bastante tanto o processo de vacinação como a logística para a entrega dos imunizantes. Todas as demais aprovadas até o momento no mundo são de duas doses.
Conforme dados divulgados pela J&J, a vacina em eficácia de 66% contra casos moderados e graves da doença, sendo que esse valor sobe 85% quando considerados apenas os graves. Porém, a multinacional não divulgou o desfecho primário do estudo, ou seja, a eficácia global, que reúne todos os contágios sintomáticos.
Gorsky ainda informou que os especialistas estão trabalhando para identificar a capacidade de eficácia contra as variantes mais perigosas já conhecidas atualmente (britânica, sul-africana e brasileira) e que a empresa continua a desenvolver uma outra vacina, essa em duas doses, que deve ter os testes finalizados ainda em 2021.