Janeiro Verde: prevenção ao câncer de colo do útero
No Brasil, doença é a terceira que mais acomete mulheres e a quarta que mais leva as pacientes à morte
O primeiro mês do ano marca a campanha Janeiro Verde, promovida para alertar a população sobre a prevenção ao câncer do colo do útero. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse tipo de tumor maligno é o terceiro que mais acomete mulheres e o quarto que mais leva as pacientes à morte no Brasil. Ainda segundo a entidade, em 2020, a expectativa era de que quase 16,6 mil brasileiras fossem diagnosticadas com a doença.
De acordo com o Inca, a maior responsável pela causa do câncer do colo do útero é a infecção contínua do Papilomavírus Humano (HPV), transmitido nas relações sexuais. Os tipos de HPV chamados de oncogênicos (16 e 18) são encontrados em 70% das pacientes. Segundo a médica do Centro de Oncologia do Paraná, Daiene Carvalho Casagrande, o acompanhamento clínico das mulheres que têm vida sexual ativa deve ser feito até os 64 anos. Ela afirma que, além do problema não ser de um público feminino específico, exames como papanicolaou ou citopatológico podem identificar tumores que, em geral, não apresentam sinais da enfermidade antes do estado avançado.
"É uma doença de desenvolvimento lento, que pode não apresentar sintomas na fase inicial. As lesões pré-malignas causadas pelo HPV podem ser assintomáticas. Nos casos mais avançados, pode ocorrer sangramento vaginal intermitente [que vai e volta] ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal, dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais", explica a especialista Daiene. "Educação sexual, reforçando a importância do sexo seguro e comportamentos sexuais, também são medidas importantes de prevenção", complementa.
Segundo Daiene, além da vida sexual ativa, diversas ações podem elevar o risco da infecção, que causa a neoplasia entre o público feminino. De acordo com a médica, fumantes e as mulheres que têm doenças autoimunes estão entre as mais vulneráveis. "Alguns fatores que podem aumentar a chance são tabagismo, início da vida sexual precoce, multi-parceria sexual, mulheres com três ou mais gestações, presença de doenças auto-imunes em atividade, uso de medicamentos imunossupressores e a presença de outras doenças sexualmente transmissíveis", explica a médica.
Vacina
Para Daiene, embora haja possibilidade de acompanhamento clínico, as vacinas são os recursos mais eficientes para prevenir os casos de câncer do colo do útero. Segundo ela, os imunizantes atuam em duas frentes para garantir a eliminação do HPV. "São duas vacinas profiláticas contra o HPV: a quadrivalente, que confere proteção contra os HPV 6, 11, 16 e 18; e a bivalente, contra os HPV 16 e 18".
Ainda de acordo com a especialista, o aumento da cobertura vacinal contra o HPV reduziria os casos da doença de maneira considerável no Brasil. Segundo a médica, a aplicação nas pessoas que ainda não iniciaram a vida sexual seria fundamental para derrubar tanto o número de diagnósticos como o de mortes pela doença. "O maior benefício, com maior produção de anticorpos, acontece quando aplicadas em pessoas que não iniciaram a vida sexual. Se aumentarmos a cobertura vacinal, aliada a um sistema de rastreamento eficaz das lesões precursoras do câncer do colo do útero, vamos conseguir diminuir a incidência desta doença, que, se detectada no início, tem chance de 100% de cura", explica a médica.
Segundo o Ministério da Saúde, no triênio de 2014 a 2017, cerca de 72,5% das meninas com idade entre nove e 14 anos tomaram a primeira dose contra o HPV. Já para a segunda dose, apenas 45,1% das jovens desta faixa etária foram imunizadas.