UE inicia campanha de vacinação

Itália e Espanha iniciaram neste domingo a vacinação

dom, 27/12/2020 - 09:10
Borja Puig de la BELLACASA Araceli Hidalgo, 96 anos, a primeira espanhola vacinada contra covid-19, na casa de repouso Los Olmos, en Guadalajara (centro do país) em 27 de dezembro de 2020 Borja Puig de la BELLACASA

Menos de uma semana depois da autorização da União Europeia (UE) para o uso da vacina dos laboratórios Pfizer e BioNTech, países como Itália e Espanha iniciaram neste domingo a vacinação contra o coronavírus, que infectou mais de 80 milhões de pessoas no mundo e provocou 1,76 milhão de mortes.

"Não senti nada, nada (...) muito obrigado", afirmou, sorridente, Araceli Hidalgo Sánchez, de 96 anos, a primeira pessoa a receber a tão aguardada dose na Espanha, em uma casa de repouso de Guadalajara (centro do país).

Em seguida, Mónica Tapias, auxiliar de enfermagem na mesma instituição, foi a segunda espanhola a receber a vacina. "O que queremos é que a maioria das pessoas receba a vacina", declarou.

As autoridades espanholas esperam vacinar até junho de 2021 entre 15 e 20 milhões de pessoas, de uma população de 47 milhões.

A Espanha foi um dos países da Europa mais afetados pela pandemia, com 50.000 mortes e mais de 1,8 milhão de casos, segundo os dados do ministério da Saúde.

"Hoje Araceli e Mónica representam uma nova etapa de esperança. Um dia de emoção e confiança", escreveu no Twitter o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que prometeu um processo de vacinação "rápido, confiável e equitativo".

Quase ao mesmo tempo, na Itália a enfermeira Claudia Alivernini e Maria Rosaria Capobianchi, diretora de um laboratório de virologia no hospital Spallanzani de Roma, foram as primeiras a receber a vacina no país.

"É um gesto pequeno, mas fundamental para todos nós", disse Alivernini. "Eu afirmo de coração: vacinem-se. Por nós, por nossos entes queridos e pela sociedade", completou.

Na Itália, a vacinação generalizada começará em 8 de janeiro, data em que passará a receber 470.000 doses por semana. No país mais afetado da União Europeia (UE) pela pandemia, com mais de 71.000 vítimas fatais, o governo teve que decretar importantes medidas de confinamento antes do Natal.

A milhares de quilômetros, em Bucareste, a enfermeira romena Mihaela Anghel, de 26 anos, a primeira a atender um paciente com Covid-19 em fevereiro no país, foi a primeira vacinada.

As primeiras doses da vacina Pfizer/BioNTech chegaram durante o fim de semana aos países membros da UE, escoltadas pelas forças de segurança. Alemanha, Hungria e Eslováquia imunizaram algumas pessoas no sábado. A Europa é a região mais afetada do mundo por esta pandemia, com mais de 25 milhões de casos e 546.000 mortes.

- Mais casos da nova cepa -

Antes da UE, vários países iniciaram a vacinação contra o coronavírus. O primeiro foi a China, que aplicou as primeiras injeções no verão (hemisfério norte, inverno no Brasil). Em dezembro foi a vez de Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Suíça, México, Costa Rica e Chile .

Paralelamente à vacinação, cada vez mais países detectam casos da nova cepa de coronavírus, possivelmente mais contagiosa, descoberta inicialmente no Reino Unido.

Canadá, Itália, Suécia, Espanha e Japão notificaram nas últimas horas infecções desta variante, depois de França, Alemanha, Líbano e Dinamarca.

De acordo com um estudo da London School of Hygiene and Tropical Medicine, a nova cepa é entre "50% a 74%" mais contagiosa, o que provoca o temor de que 2021 registre mais internações e mortes por Covid-19 que 2020 caso os recursos necessários não sejam disponibilizados.

Depois de confirmar a mutação, que só pode ser detectada se a sequência do genoma do vírus for analisada após um teste de PCR, muitos países fecharam as portas para o Reino Unido e alguns mantêm as restrições para as conexões aéreas, marítimas ou terrestres.

O Japão anunciou a proibição de entrada de estrangeiros não residentes a partir de segunda-feira e até o fim de janeiro.

- Retorno das restrições -

Durante o fim de semana, vários países anunciaram o retorno das restrições, como a Áustria, que determinou o confinamento da população a partir de sábado e até 24 de janeiro.

Israel inicia neste domingo um confinamento quase geral e de pelo menos duas semanas para conter a aceleração de casos de Covid-19. O governo deseja reduzir o número de contágios, atualmente acima de 1.000 por dia.

Os israelenses não poderão se deslocar a mais de um quilômetro de suas casas e a maioria dos estabelecimentos comerciais só está autorizada a fazer entregas. Setores profissionais que não recebem público podem manter apenas 50% dos funcionários em suas instalações.

Mas os israelenses podem sair para tomar a vacina e as escolas funcionarão parcialmente.

No Reino Unido, milhões de pessoas já estão confinadas desde antes do Natal, sobretudo no sul da Inglaterra, devido à nova cepa do vírus.

A nível global, Estados Unidos permanecem como o país mais afetado pela doença, tanto em número de mortos (331.916) como de infecções (18.945.149). O presidente eleito, Joe Biden, advertiu que se o presidente Donald Trump não assinar o pacote de estímulo econômico aprovado pelo Congresso, de 900 bilhões de dólares, podem acontecer "consequências devastadoras" para milhões de cidadãos.

Na América Latina e Caribe, região com mais de 496.000 vítimas fatais e 15 milhões de contágios, o México recebeu no sábado um segundo carregamento com 42.900 doses de vacinas da Pfizer/BioNTech.

Na Argentina, a campanha de vacinação começará na terça-feira, com 300.000 doses da vacina Sputnik V do laboratório russo Gamelaya. É o primeiro país da América Latina que autoriza esta vacina. O governo argentino também aprovou o fármaco da Pfizer/BioNTech.

Em um vídeo divulgado por ocasião do primeiro Dia Internacional da Preparação para Epidemias, que acontece neste domingo, o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que o coronavírus não será a última pandemia e recordou que qualquer avanço será pequeno caso as pessoas não mudem os comportamentos para reduzir o aquecimento global e favorecer o bem-estar animal.

"Gastamos dinheiro quando explode a crise, mas quando acaba nos esquecemos e não fazemos nada para prevenir a seguinte. Este é o perigo dos comportamentos a curto prazo", lamentou.

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