Volkswagen vai indenizar empregados vítimas da ditadura
Empresa reconhece que colaborou com os órgãos repressores e vai pagar R$ 36,3 milhões a ex-funcionários; em troca, o Ministério Público Federal vai retirar três processos contra a montadora
Um acordo firmado entre a Volkswagen e o Ministério Público Federal (MPF) vai indenizar ex-funcionários da montadora que foram vítimas de perseguição na Ditadura Militar (1964-1985).
Na tratativa extrajudicial, a fábrica alemã reconhece a benevolência da companhia com os órgãos repressores dos chamados “anos de chumbo” do Brasil. O acerto vem à tona seis anos após a fabricante de automóveis ser apontada como cúmplice de atos contra antigos funcionários pela Comissão Nacional da Verdade (CNV).
A companhia alemã reconhece a afronta aos Direitos Humanos e vai repassar R$ 36,3 milhões para ex-colaboradores. Parte deste valor também será aplicada em iniciativas que preservam a memória do período que, segundo a CNV, torturaram mais de 20 mil pessoas. Entre os perseguidos, 475 morreram ou desapareceram durante os anos em que os militares governaram o país.
Em contrapartida ao valor, o MPF aceitou retirar três inquéritos contra a montadora pela cumplicidade exercida junto aos militares. No acerto, as partes deixaram claro que novos processos não serão aceitos contra a companhia na Justiça brasileira.
Ainda de acordo com a CNV, o acordo com a Volkswagen é o primeiro da história em que uma empresa tenta reduzir os danos causados às vítimas da repressão. No relatório final da Comissão, apresentado no ano de 2014, outras 53 empresas foram listadas e acusadas de envolvimento com o aparato militar do governo.