Recife chegou à fase de saturação da curva da covid-19
De acordo com pesquisa desenvolvida pelos departamentos de Estatística das Universidades Federais de Pernambuco, Sergipe e Paraná, apenas a capital pernambucana e Belém (PA) se aproximam do 'platô'
Uma nota técnica publicada em conjunto pelos departamentos de Estatística das Universidades Federais de Pernambuco, Sergipe e Paraná apresentou informações animadoras sobre a resposta do Recife à covid-19. De acordo com o estudo, que desenhou a curva do número de óbitos desde o primeiro caso em todas as capitais brasileiras, apenas a cidade pernambucana e Belém, no Pará, apresentaram saturação do gráfico, aproximando-se do “platô”, isto é, da estabilização dos números em um determinado período.
De acordo com a nota, a curva epidêmica pode ser compreendida a partir de três momentos. O primeiro, uma fase inicial de crescimento rápido; o segundo, uma região intermediária, onde o ponto de inflexão é superado, mas ainda está relativamente distante do platô; e o terceiro, quando a taxa de crescimento diminui e a curva tende a um platô de saturação.
“Recife tomou medidas de isolamento social no momento adequado, é o que indica a análise dos dados. As escolas e universidades, bem como as praias, foram fechadas logo”, ressalta o professor de Estatística da UFPE responsável pela pesquisa, Raydonal Ospina.
No gráfico do Recife, é possível observar que quando a cidade se aproxima dos 120 dias da primeira morte, ocorrida em 25 de março, a curva começa a se estabilizar. Segundo o estudo, os dados mostram que a saturação na capital pernambucana é “quase exponencial, ou seja, relativamente rápida”, sobretudo em relação a Belém, onde o fenômeno ocorre de forma mais lenta.
De acordo com Ospina, vale ressaltar que o lockdown promovido na capital pernambucana, em maio, também apresentou efeitos no gráfico de óbitos. “É nítido que houve uma redução das mortes, mas que após a abertura a população relaxa e os números voltam a subir”, afirma.
Entre as demais capitais brasileiras, oito seguem na fase inicial, com rápido crescimento, e outras 17 estão na fase intermediária. “O resultado nos deixa otimistas em relação ao Recife, mas também ficas claro que não é momento de relaxar, porque ainda não existe vacina. A tendência da estabilização só continua se as mesmas condições forem mantidas, isto é, as políticas públicas de isolamento social, a capacidade dos hospitais de atender os pacientes e as medidas de higiene e prevenção. Caso haja mudança, o cenário pode piorar”, ressalta Ospina.
Plano de Convivência
O Recife segue avançando no Plano de Convivência com a covid-19 de Pernambuco. Na última segunda (20), bares, restaurantes e academias foram autorizadas a reabrir. No dia de 16 julho, as praias e quiosques da avenida Boa Viagem, na zona sul, também foram liberados. Antes disso, em 20 de junho, os parques da capital foram reabertos.
Dada a ausência de vacina preventiva ao novo coronavírus, os especialistas não descartam a possibilidade de ocorrer uma segunda onda de contaminação em locais que se aproximam do platô, fenômeno considerado comum em pandemias. A Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que os países que têm reaberto gradualmente suas economias devem estar atentos para o risco de novos casos da covid-19. "Uma segunda onda de contágios pode ser preocupante", afirmou o diretor-executivo da entidade, Mike Ryan.