Feriado tem volta do banho de mar e de quiosques no Recife

Quiosqueiros preparam reabertura dos estabelecimentos, autorizada para acontecer às 15h; banhistas e transeuntes insistem em dispensar a máscara

por Marília Parente qui, 16/07/2020 - 12:58
Rafael Bandeira/LeiaJáImagens Dispensa da máscara é frequente Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

 Com a liberação do banho de mar no Recife, nesta quinta (16), justo no dia de Nossa Senhora do Carmo, feriado municipal, a praia de Boa Viagem recebeu grande fluxo de pessoas, entre banhistas e transeuntes. Também autorizados a retornar ao trabalho, quiosqueiros da orla aproveitaram a manhã para reabastecer o estoque e finalizar os preparativos da reabertura, já que o funcionamento dos quiosques passa a ficar liberado entre as 15h e 20h, para comercialização de sucos de fruta e água de coco. Tanto o acesso ao mar quanto os quiosques estavam proibidos desde março, em prevenção à disseminação da Covid-19.

Quiosqueiro da Praia de Boa Viagem há 10 anos, Alecsandro Bezerra recebeu com alívio a notícia de que poderia retornar as atividades. “Graças a Deus sempre gosto de fazer uma reserva pensando no futuro, felizmente deu para me segurar, mas o dinheiro estava acabando”, comenta. Ele foi um dos muitos quiosqueiros que teve sua estrutura de trabalho depredada por vândalos e equipamentos de trabalho roubados nos últimos quatro meses. “O estrago foi grande, até domingo vou conferir a parte elétrica e fazer os paliativos na estrutura. Quebraram um vidro e precisei colocar um tapume improvisado, retiraram todas as mercadorias. Infelizmente a segurança aqui deixa a desejar. Fica a esperança da requalificação dos quiosques”, cobra Alecsandro.

Alecsandro repõe o estoque do quiosque 45 para a reabertura. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

Dentre os pedestres e banhistas, era recorrente a dispensa da máscara. Em apenas um dos casos observados pela reportagem, pelo motivo correto. Sancionada em 2 de julho de 2020, a Lei n 14.019 permite que “pessoas com transtorno do espectro autista, com deficiência intelectual, com deficiências sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme declaração médica” dispensem o uso da proteção. Diagnosticado com autismo ainda aos 2 anos de idade, o pequeno Júlio Costa, de 5 anos, pôde voltar a sentir o mar. “Ele tem essa necessidade de regulação sensorial diversa da nossa. Uma coisa como uma máscara pode ser uma sobrecarga sensorial para ele. Ele precisa caminhar, sentir a areia no pé, a água e o vento no rosto”, explica a advogada Luciana Costa, mãe de Júlio.

Júlio, de cinco anos, é autista e pôde se reencontrar com o mar. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

Durante o exercício de estimulação do garoto, contudo, ela relata ter sofrido hostilidade de banhistas e transeuntes. “Já passaram quatro ou cinco pessoas apontando para a gente, inclusive um senhor gritou comigo, dizendo que era um absurdo eu estar com máscara e meu filho não. O autismo não tem cara, não se expressa fisicamente. Estou aqui, na areia, na água, como cidadã pagadora dos meus impostos, sendo constrangida no meu direito e no direito do meu filho. É revoltante”, lamenta.

Busca pelo meio termo

Com guarda-sol proibido, banhistas disputaram sombras das árvores. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

Em um pronunciamento feito nas redes sociais na última quarta (15), a secretária de Turismo do Recife, Ana Paula Vilaça, ressaltou que a proibição do guarda-sol, caixas térmicas e cadeiras segue mantida. “Queremos evitar aglomerações”, explicou. O jeito para a desempregada Fabiana Dias foi se acomodar à sombra de uma árvore. “A gente veio aqui apreciar um pouco o mar que Deus nos deu, um pouco de ar puro. A praia é um dos meus divertimentos preferidos, então fiquei feliz com a liberação do mar. Vamos esperar por dias melhores”, frisa.

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