Em pleno verão, Itália tem 89 praias contaminadas
Monitoramento da água foi feito pelo Ministério da Saúde
Com mais de 7 mil quilômetros de costa, a Itália esbanja diversidade e beleza quando o assunto é praia. Mas apesar das águas cristalinas e da onda de calor que está atingido o país nas últimas semanas é preciso cautela para escolher o melhor local para se banhar já que diversos mares estão poluídos.
Em um monitoramento de qualidade da água, o Ministério da Saúde da Itália fez análises microbiológicas ao longo da costa e identificou que existem 89 praias que abrigam "bactérias perigosas, inodoras e incolores, que escapam à observação do olho humano", e proibiu a entrada de turistas e italianos.
Segundo o relatório, a maioria das enseadas contaminadas está localizada na foz dos rios, na orla da cidade e próximas das áreas portuárias. A região mais crítica pertence à Calábria, com 22 locais proibidos, quase o dobro do registrado na Campânia e Sicília, que ocupam o segundo lugar do ranking, com 12 praias cada. Já Abruzzo (10), Marcas (9) e Lombardia (7) também aparecem na lista.
Entre as praias onde o banho foi proibido estão a área industrial de Pozzuoli, a aldeia agrícola em Castel Volturno, o acesso ao Marano em Rimini, a região do Arrone em Roma, a orla marítima de Reggio Calabria, a de Pescara e o porto de Gioia Tauro.
Além disso, há também o mar de Rapallo, a ponta de San Martino em Sanremo e Vietri sul Mare, a Praia a Mare em Marlane, Roseto degli Abruzzi na foz do Tordino, San Lucido, na província da Calábria, as praias de Sarello em Bagheria, de Capo Mulini em Acireale, e a da via Marina em Aci Trezza.
Apesar de não ter acesso ao mar, a Lombardia também conta com vários grandes lagos contaminados, em particular, as margens de Sabbie d'oro e Germignaga, no Lago Maggiore; em Lezzeno, em Punta e Olcio no Lago Como e outras praias entre o rio Ticino e o Lago Varese.
No entanto, nem todas as regiões italianas, felizmente, têm mares e lagos com proibições de banho neste verão. Há algumas áreas que, pelo contrário, podem orgulhar-se de suas águas limpas. As principais são: Basilicata, Toscana e Friuli Venezia Giulia, que registraram níveis de bactérias insignificantes em suas costas, assim como a Úmbria e o Valle d'Aosta.
Bactérias - Os principais culpados pela contaminação nas praias italianas são duas bactérias fecais chamadas escherichia coli e enterococcus, que podem causar distúrbios inflamatórios e infecciosos. O limite máximo das bactérias é estabelecido por lei em 200 e 500 unidades formadoras de colônias (ufc) para cada 100 ml de água. Quando o nível excede esse número, o local é classificado como "ruim" e interditado até uma nova determinação do Ministério da Saúde.
A medida não é uma decisão irreversível, porém, agora será preciso que o local fique "limpo" por cinco anos consecutivos. Até lá, a proibição se torna permanente para que haja a recuperação da área.
O monitoramento envolve a coleta de pelo menos quatro amostras durante toda a temporada turística. A primeira é realizada no início do período e as outras com intervalos não superiores a um mês. Os estados são obrigados a comunicar os resultados das análises até 31 de dezembro à Comissão que, através da Agência Europeia do Ambiente, produz anualmente um relatório.
O documento é destinado tanto para a União Europeia (UE) quanto para os países do bloco, que são obrigados a informar os cidadãos sobre a qualidade da água de todas as suas costas, em particular os locais de risco.
Por essa razão, o Ministério da Saúde criou um portal onde é possível verificar o status de cada praia na Itália. O site disponibiliza o calendário de monitoramento, as últimas pesquisas e estimativas futuras. Além disso, as áreas com a proibição permanente de banhos são mostradas em vermelho.
Qualidade da água - As 89 praias restritas representam apenas 1,6% do total do número de enseadas que há na Itália. As outras, em sua maioria, são de qualidade "excelente" (90%), "boa" (5%) e "suficiente" (2,1%). A porcentagem diz respeito a um resumo das condições de todas as localidades marítimas de acordo com a legislação. Ao todo, existem 5339 locais de banho, sendo 4871 mares e 668 outras áreas, pontos de monitoramento que estão aumentando gradualmente. Desde 2015, 56 foram adicionados na lista, dos quais 14 no ano passado.
No entanto, esse aumento nas pesquisas não está alterando a visão geral. Em quatro anos, apenas 11 locais mudaram de status, cerca de 0,28%. Os mares e lagos italianos gozam de boa saúde, embora 2018 tenha sido um ano "horrível", repleto de proibições permanentes, porque após cinco temporadas consecutivas de maus resultados em 38 praias, o banho foi definitivamente proibido.
Comparação com outros países europeus - A Itália possui um quarto das águas balneares de toda a Europa, mas, comparada com os outros Estados-membros, não é considerada um modelo de referência no que diz respeito à limpeza do seu patrimônio aquático. Com base em águas "de excelente qualidade", o país da bota ocupa o oitavo lugar no ranking, com 90%, depois de Chipre (99,1%), Malta (98,9%), Áustria (97,3%) e Grécia (97%), que quase beira à perfeição. Além disso, Chipre, Grécia, Letônia, Luxemburgo, Malta, Romênia e Eslovênia não possuem locais de qualidade "ruim".
Da Ansa