OAB-PE acompanha caso de agressão de PM a advogado
Defensor diz que foi agredido com socos e pontapés e teve uma arma pressionada contra o estômago em via pública
A seccional de Pernambuco da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está acompanhando um caso de um advogado agredido por policial militar em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na última semana. O advogado conta ter recebido socos e pontapés em via pública sem que ninguém intervisse.
O defensor em questão é Guilherme Interaminense. Ele conta que na quinta-feira (21), por volta das 19h, soube que a Polícia Militar se dirigia para a casa de um cliente seu, no centro de Jaboatão.
Segundo Interaminense, ele e policiais de duas viaturas ficaram em via pública, do lado de fora da casa do cliente. "Antes de eles descerem eu me identifiquei como advogado do rapaz e perguntei do que se tratava. Disseram que era uma denúncia de suposto tráfico. Mas eles não queriam prender o rapaz e sim os cabeças da organização e queria que meu cliente os entregasse", resume o advogado.
O suspeito teria se negado a dar informações por temer represálias. Nesse momento, segundo o denunciante, um policial mudou o comportamento e começou a dizer que iria bater no suspeito. “Nesse momento eu disse ‘ninguém vai bater em ninguém, a gente está conversando’. Aí o policial disse ‘eu bato até em tu, advogado de m*, advogado de bandido. Advogado aqui não vale nada’”, narra Guilherme.
Em seguida, o policial teria acertado o defensor com socos que o jogaram ao chão. “Aí no chão foram socos e pontapés. Ficaram outros sete policiais só olhando. Foi em via pública com a comunidade toda olhando. Ele parou por ele mesmo, quando viu que já tinha batido demais. Ainda pegou uma arma grande, botou no meu estômago pressionando e disse ‘respeita a polícia’”, diz.
O caso foi parar na delegacia. A OAB foi acionada e esteve no local. No site da seccional pernambucana foi publicada uma nota oficial assinada pelo presidente da OAB-PE, Bruno Baptista, e pelo presidente da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas da Advocacia (CDAP), Carlos Barros. A nota diz que serão tomadas medidas enérgicas em todas as instâncias cabíveis. Barros informou ao LeiaJá que os procedimentos a serem tomados vão ser divulgados em breve.
A Polícia Militar informou ter tomado ciência sobre a queixa registrada na delegacia contra o policial. Uma sindicância administrativa foi aberta para apurar o fato. O suspeito chegou a ser preso na ocorrência por estar em posse de drogas e foi liberado em audiência de custódia no dia seguinte.