SP: transexuais eram escravizadas e exploradas sexualmente
Essas jovens trans eram atraídas com a promessa de transformação do corpo. Cerca de 38 vítimas, que estavam sendo exploradas, foram localizadas pela polícia
Na manhã desta quarta-feira (13), 10 pessoas tiveram a prisão preventiva decretada em São Paulo, acusadas traficarem e explorarem sexualmente jovens transexuais, sendo maioria delas oriundas do Norte e Nordeste do país. De acordo com investigação, essas jovens eram obrigadas a se prostituírem na cidade de Ribeirão Preto, com a promessa de transformação do corpo, hospedagem e alimentação.
e acordo com o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP), até o início da tarde desta quarta (13), seis das dez pessoas que tiveram a prisão preventiva decretada haviam sido capturadas pela polícia. Nos locais onde ocorreu busca e apreensão foram localizadas 38 transexuais que estavam sendo exploradas sexualmente e em condições análogas às de escravas.
Com a deflagração da Operação Cinderela, além das pessoas presas, outros 18 mandados de busca e apreensão foram realizados na cidade paulista. a operação constatou que as vítimas já chegavam endividadas na cidade de Ribeirão Preto em razão das passagens e despesas de viagens adiantadas pelos exploradores.
Elas ainda eram obrigadas a consumirem drogas e, para quitar suas "dívidas", forçadas a aceitar a exploração sexual - sendo empregadas no mercado do sexo onde havia uma divisão territorial para atuação de cada aliciador.
"Criada a condição de dependência econômica e ascendência sobre as vítimas, os aliciadores davam início à transformação corporal delas com a aplicação de silicone industrial e realização de procedimentos cirúrgicos ilegais, de modo a aumentar ainda mais a dívida das vítimas", confirma o ministério.
De acordo com as investigações, as transexuais que não conseguiam pagar as dívidas ou desrespeitavam as "regras da casa" eram julgadas em um "tribunal do crime", sendo punidas com castigos físicos, morais e multas, além de terem seus pertences subtraídos.
O MPF divulga que há registros de aplicações de castigos físicos com pedaços de madeira com pregos, desaparecimento das trans, suicídios em virtude das pressões sofridas pelas vítimas e ainda o registro de homicídios - tudo decorrente da cobrança de dívidas.
Um dos investigados, cuja prisão preventiva foi determinada pela Justiça Federal, já estava preso em razão de outro processo criminal e é investigado sobre dois homicídios e o desaparecimento de três transexuais, sendo uma delas adolescente.
Os acusados responderão pelos crimes de tráfico de pessoas, redução à condição análoga à escravidão, rufianismo (lucro através da exploração de prostituição alheia) e organização criminosa.
A Operação Cinderela é um trabalho conjunto do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho e da Secretário de Inspeção do Trabalho do Ministério da Economia.