França vive seu pior surto de antraz em bovinos em 20 anos
Não foi reportado nenhum caso de contágio em humanos durante o surto atual
Mais de 50 vacas, ovelhas e cavalos morreram nos últimos meses no pior surto de antraz registrado em granjas francesas nos últimos 20 anos, segundo as autoridades, que advertem para uma escassez de vacinas.
Transmitida por esporos que podem permanecer inativos durante décadas nos solos, esta doença pode ser transmitida aos humanos e é potencialmente mortal nos casos mais extremos.
Os primeiros casos foram detectados na localidade de Montgardin, no departamento de Altos Alpes (sudeste da França), onde foram encontradas seis vacas mortas em junho.
Em dois meses, a doença se estendeu a outras 13 localidades, nas que as autoridades de saúde contabilizaram 23 focos distintos.
A vacina é o melhor método para limitar a propagação desta infecção. Mas os veterinários enfrentam uma escassez de vacinas, já que o laboratório espanhol que as fabrica fecha durante o mês de agosto pelas férias de verão.
"O Estado iniciou negociações com seus sócios europeus sobre a disponibilidade e compra de vacinas" de outros países, apontou Agnès Chavanon, secretária-geral da prefeitura de Altos Alpes.
Provocada pela bactéria "Bacillus anthracis", esta doença causa uma morte fulminante nos animais, geralmente em menos de 24 horas. O animal apresenta, entre outros sintomas, uma inflamação abdominal e hemorragias.
Os casos de transmissão aos humanos são "extremamente incomuns", afirmou Christine Ortmans, da Agência regional de saúde (ARS).
Não foi reportado nenhum caso de contágio em humanos durante o surto atual, acrescentou.
A forma mais comum da infecção entre os humanos, o antraz cutâneo, é raramente mortal se for tratada com antibióticos.
Esta bactéria produz uma poderosa toxina que pode ser utilizada como arma biológica.
Os casos mais notórios de ataques com antraz, enviado por correio, ocorreram nos Estados Unidos em 2001, uma semana depois dos ataques de 11 de setembro.
Serge Cavalli, um alto funcionário da região de Altos Alpes, indicou que todos os animais estavam sendo vacinados nas granjas afetadas na região.
Além disso, foram adotadas medidas para bloquear a produção nas granjas afetadas durante ao menos 21 dias.
Esta enfermidade é incomum, mas não excepcional. Desde 1999, foram registrados uma centena de focos na França, sobretudo durante os verões calorosos que vêm depois de períodos de chuvas abundantes.
Em 2008, foram registrados 23 focos em todo o país. O último caso registrado nos Altos Alpes remonta a 1992.