Evo Morales se muda para polêmica nova sede do Executivo
O edifício colossal, que levou quatro anos para ser construído, tem sete elevadores, heliporto e um andar presidencial de 1.000 metros quadrados
Com música nativa e ritos ancestrais em homenagem à 'Pachamama', a mãe-Terra andina, o presidente da Bolívia, Evo Morales, trocou nesta quinta-feira (9) o colonial Palácio Quemado, que foi sede do Executivo por quase dois séculos, por uma casa de governo moderna de 29 andares.
O edifício colossal, que levou quatro anos para ser construído, tem sete elevadores, heliporto e um andar presidencial de 1.000 metros quadrados. A obra custou 34,4 milhões de dólares, segundo a ministra da Comunicação, Gisela López.
Uma cerimônia em idioma aimara, presidida por um 'amauta' (sábio indígena), em meio ao soar de 'pututus' (um tipo de berrante) e defumação de mirra e nopal, encerrou as atividades do histórico Palácio Quemado, que deve seu nome por ter sido incendiado em uma revolta contra o presidente liberal Tomás Frías, em 1875.
A nova sede do governo, construída nos fundos da anterior, abrigará, ainda, cinco ministérios, que representarão ao erário uma economia em aluguéis de 20 milhões de dólares ao ano, segundo o vice-ministro da Presidência, Alfredo Rada.
A festa de movimentos sociais vinculados a Morales - encabeçados pela unitária Central Operária Boliviana (COB) - percorreu o centro de La Paz, da praça San Francisco até a praça Murillo, sede dos poderes Executivo e Legislativo.
Os próprios 'amautas' ergueram no novo edifício de governo uma 'huajta', oferenda que consiste em queimar um preparado de doces de diversas formas para pedir a proteção da Pachamama. No meio, também queimava um 'sullu', feto de lhama, como sacrifício à mãe-Terra andina.
"Inauguramos a #CasaGrandedoPovo, de onde se governará em democracia, junto com os bolivianos e as bolivianas. Deixamos para trás o Palácio colonialista, do qual tantos governos deram as costas ao povo. A nova #Bolívia avança livre, digna e soberana", escreveu Morales em sua conta no Twitter.
- Um edifício que gera polêmica -
O novo prédio seria equipado com sauna, jacuzzi, sala de massagem, sala de leitura e academia, o que provocou longas críticas da oposição. Quando um grupo de jornalistas pediu à ministra López para ver a hidromassagem, ela respondeu: "Seria absurdo que eu abrisse a porta do banheiro para fazê-los visitar".
"Presidente, não somos bobos, isto não é uma casa, é um Palácio, e não é do povo, é do senhor. São as coisas como são", protestou o líder opositor Samuel Doria Medina pelas redes sociais.
A Casa Grande do Povo dispõe de sete elevadores de última geração, um dos quais será de uso exclusivo do presidente. O 13º andar será destinado a reuniões de gabinete. Dois andares são de uso exclusivo do chefe de Estado. No 23º andar fica a área de trabalho do presidente com gabinete, além de dois escritórios e três salas de reunião.
No 24º andar encontra-se a suíte presidencial de 1.068 metros quadrados e no terraço fica o heliporto.
A luxuosa obra também gerou críticas do ex-presidente Carlos Mesa, pois o edifício afeta a concepção urbanística do centro de La Paz, caracterizado por construções coloniais.
As críticas também se dirigiram ao pagamento de 130 mil dólares a artistas bolivianos que pintaram os 16 murais que adornam as paredes da nova sede do governo.
Morales, que está no centro da polêmica porque, segundo a oposição, forçou a lei para se candidatar a um quarto mandato nas eleições de 2019, comandará nesta sexta-feira sua primeira reunião de gabinete na nova casa.