Zika se reproduz na vagina por vários dias após infecção

''Vimos uma replicação significativa do vírus no tecido genital, em quatro a cinco dias''

qui, 25/08/2016 - 15:47
Christophe Simon O zika pode se reproduzir na vagina durante vários dias após a infecção, afirmaram na quinta-feira pesquisadores americanos que estudaram a transmissão sexual do vírus em ratos de laboratório Christophe Simon

O zika pode se reproduzir na vagina durante vários dias após a infecção, afirmaram na quinta-feira pesquisadores americanos que estudaram a transmissão sexual do vírus em ratos de laboratório. A reprodução do zika através do trato vaginal pode ser uma fonte potente de infecção "com consequências potencialmente desastrosas", ressaltou o estudo realizado pela Universidade de Yale e publicado na revista científica Cell.

Ratas grávidas foram infectadas por via vaginal com o zika, que se espalhou dos genitais para o cérebro do feto. "Vimos uma replicação significativa do vírus no tecido genital, em quatro a cinco dias", disse Akiko Iwasaki, professora de Imunobiologia e pesquisadora do Howard Hughes Medical Institute. Quando os ratos foram infectados no início da gravidez, os cientistas encontraram evidências de vírus zika no cérebro fetal. Estas infecções foram associados a uma perda de peso do feto.

"No início da gravidez, se a mãe estiver infectada, há um impacto significativo no feto, mesmo em ratos do tipo selvagem", disse a pesquisadora. Embora as conclusões de estudos com ratos muitas vezes não se apliquem diretamente aos seres humanos, Iwasaki disse que as descobertas lançam uma nova luz sobre a questão. "A descoberta pode ser importante para as mulheres, não só para as mulheres grávidas", disse. "A vagina é um local onde o vírus pode se replicar e, eventualmente, ser transmitido para parceiros".

"Em mulheres grávidas, a transmissão vaginal do vírus zika pode ter um impacto significativo no feto em desenvolvimento", acrescentou. O zika é transmitido principalmente através da picada do mosquito infectado, mas também por contato sexual. Existe pelo menos um caso conhecido de uma mulher que infectou o seu parceiro, e foram registrados vários casos em que os homens transmitiram o vírus durante o sexo para parceiros masculinos e femininos.

O zika pode permanecer no sêmen por até seis meses, de acordo com um estudo recente. A infecção pelo zika é particularmente perigosa para as mulheres grávidas, visto que o vírus pode causar malformações congênitas em fetos em desenvolvimento, como a microcefalia. Autoridades de vários países recomendam que as mulheres grávidas que vivem ou viajam para áreas com transmissão ativa do zika usem preservativos ou se abstenham de sexo.

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