Osso de dinossauro é encontrado na Paraíba
Este é o primeiro indício fóssil localizado, no entanto, pegadas já haviam sido descobertas
Um osso de dinossauro foi localizado por uma equipe do Núcleo de Biologia do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no município de Souza, no Sertão da Paraíba. O material foi coletado no ano de 2014, no entanto, o resultado das pesquisas e sua importância só foi reconhecido mundialmente neste segundo semestre de 2016.
Denominado de “Sousatitan”, este é o primeiro osso de dinossauro encontrado no estado. De acordo com a professora Aline Ghilardi, a descoberta desse fóssil amplia as possibilidades de pesquisas na região, pois anteriormente eram baseadas apenas nas pegadas do milenar animal.
O material foi localizado em um sítio paleontológico do entorno do município de Sousa e trata-se de uma fíbula – osso da perna – pertencente a um titanossauro, animal herbívoro que fazia parte de um grupo conhecido, popularmente, como “pescoçudos” (saurópodes). A descoberta deu conta de que esse é o registro ósseo mais antigo da espécie na porção central do grande paleocontinente Gondwana, que hoje corresponde aos territórios da Antártida, América do Sul, África, Madagáscar, Seicheles, Índia, Austrália, Nova Guiné, Nova Zelândia e Nova Caledónia.
“Esse era apenas um dos trabalhos sendo realizados pela nossa equipe nesse período, então trabalhamos em tempo dividido. Alem disso, essa descoberta foi uma surpresa. O projeto principal do laboratório envolvia outra temática na época, quando nos deparamos com esse material. Foi uma grata surpresa!”, destacou Ghilardi.
Apesar de se tratar de uma espécie de grande porte, o osso encontrado é de apenas 1,60 metro, sendo possível perceber que o animal não teria mais de 5,70 metros de comprimento.
Local onde foi encontrado
O município de Sousa, de acordo com os estudos, era uma grande planície cortado por rios temporários e várias lagoas, o que possibilitou o registro de pegadas. Além disso, a vasta vegetação propiciava a manutenção dos dinossauros herbívoros. Apesar disso, o terreno não favoreceu à preservação de ossos e dentes, de acordo com a pesquisadora.
Análise do osso
O osso, encontrado por um morador da cidade, foi deixado exatamente onde estava até que a equipe chegasse ao local. Isso facilitou as pesquisas, visto que foi mantida a integridade do material.
De acordo com a professora, o osso "Sousatitan" foi analisado, histologicamente, na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul. Além disso, a análise paleohistológica (das células fossilizadas), possível graças à excepcional preservação do osso, também foi um grande diferencial.
Sobre o fato de o material ter sido divulgado somente neste ano, a professora explica que “a preparação do osso em si levou seis meses. A análise e descrição período semelhante. Esperamos ainda pelos resultados da análise das células fósseis, que foi feita na África do Sul. O período de revisão e publicação do artigo levou em torno de quatro meses. É um processo lento”.
O próximo passo do trabalho é a descrição formal do “Sousatitan”, condicionada à descoberta de mais materiais. Outras ações serão tomadas como a realização de mais buscas na região por mais materiais dessa espécie.
Confira o vídeo sobre a localização do osso: