Frente a Frente com Moro

| sab, 04/03/2017 - 11:53
Compartilhar:

Finalmente, o ex-presidente Lula estará frente a frente com o seu algoz, o juiz federal Sérgio Moro. O primeiro interrogatório foi marcado para as 14h do dia 3 de maio. Refere-se ao processo em que o petista é acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O magistrado símbolo da Operação Lava Jato e Lula se encontrarão na sala de audiência do 2º andar do prédio da Justiça Federal, em Curitiba.

Em novembro do ano passado, Lula prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por meio de videoconferência, de São Bernardo do Campo (SP). O ‘encontro’ com Moro durou 9 minutos e 44 segundos. Não foi ao vivo, como está marcado para maio, porque o ex-presidente teve a opção online e assim optou. 

A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio – de um valor de R$ 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira OAS por meio de um triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantidos pela Granero de 2011 a 2016.

Em um acordo de delação premiada que acabou sendo arquivado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, no ano passado, Léo Pinheiro contou em detalhes que o tríplex no Guarujá pertencia a Lula. O empreiteiro afirmou que ficou acertado com o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que o apartamento de Lula seria “abatido dos créditos que o PT tinha a receber por conta de propinas em obras da OAS na Petrobras”. 

O ex-presidente da OAS relatou que, ao perguntar a Vaccari se Lula tinha conhecimento da negociata, o tesoureiro respondeu afirmativamente. Ele contou ainda que a reforma do tríplex não seria cobrada de Lula. Janot arquivou a delação de Léo Pinheiro porque trechos do acordo foram revelados pela revista Veja. 

Autointitulado “a viva alma mais honesta”, Lula sabe que não vai ser moleza enfrentar aquele que conhece todas as maracutaias patrocinadas pelo petista no maior escândalo da República dos últimos 30 anos. Além de dominar o processo, Moro tem em mãos as provas do crime. 

CRISE SE ALASTRA– A economia brasileira iniciou 2017 com fechamento de vagas com carteira assinada, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgadas ontem pelo Ministério do Trabalho. Em janeiro, as demissões superaram as contratações formais em 40.864 vagas. Esse foi o 22º mês seguido com fechamento de empregos com carteira assinada. O último mês em que houve mais contratações do que demissões foi em março de 2015, quando foram criados 19,2 mil postos de trabalho.

Cadê a fiscalização?– As imagens que viralizam nas redes sociais mostrando os canais da Transposição usados como um piscinão por um grupo de foliões durante o Carnaval em Sertânia revelam, de forma incontestável, que o Governo não tem o menor controle do projeto nem tampouco um sistema eficiente de fiscalização. As águas transpostas do Velho Chico que começam a jorrar em áreas inóspitas são para matar a sede do povo e por isso mesmo não podem ser contaminadas por fezes e xixi humanos. 

Olho nas águas– O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), que recebe o presidente Temer na próxima segunda-feira em Monteiro, vistoriou, ontem, as obras que integram o projeto de Transposição das águas do Rio São Francisco. Ele esteve na Estação de Bombeamento (EBV-6), em Sertânia, que já recebe as águas do projeto e em seguida foi até Monteiro, passando pelo açude São José. Por fim, vistoriou a Barragem de Camalaú, onde um canal está sendo feito para facilitar a passagem das águas.  O presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Gervásio Maia, auxiliares do Governo, deputados estaduais e lideranças da região também integraram a comitiva. 

Rompimento sob controle– O Ministério da Integração Nacional confirmou um vazamento na Barragem de Barreiro, em Sertânia, parte do projeto de transposição do Rio São Francisco. O rompimento aconteceu na manhã de ontem entre as estações de bombeamento 5 e 6 (EBV-5 e EBV-6) do Eixo Leste do Projeto de Integração do Rio São Francisco. De acordo com o Governo Federal, técnicos das empresas responsáveis pelas obras do Projeto São Francisco foram acionados para fazer a contenção da água. Até o momento, não foi identificado nenhum risco estrutural ao reservatório. As comunidades do entorno estão sendo alertadas sobre medidas de segurança por técnicos da área ambiental e também de fiscalização.

PT em faixa própria– Em entrevista, ontem, à competente repórter Ana Rebeca Passos, da Rádio Cultura, o senador Humberto Costa disse que gostaria de manter em 2018 a aliança em torno do senador Armando Monteiro Neto (PTB), provável candidato a governador pelo bloco da oposição. “Seria um caminho natural”, afirmou. O petista, entretanto, reconheceu que Armando tem priorizado outros segmentos, citando João Lyra Neto, Mendonça Filho e Bruno Araújo. “Com estes, não iremos a lugar nenhum e nossa tendência é construir uma candidatura do próprio PT”, destacou. 

CURTAS 

NO CANADÁ– O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, participa em Toronto, no Canadá, da convenção do Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC), importante evento mundial do setor de mineração. O evento reúne empresas e líderes políticos do setor de 125 países, e ocorre entre os dias 05 e 08 de março. Durante a convenção, o ministro irá participar de debates e exposições com diversos agentes do setor mineral. 

PREVIDÊNCIA– Emenda do deputado Danilo Cabral (PSB) propõe que a carreira docente continue contando com regras específicas, mantendo as condições atuais de aposentadoria. O projeto da Reforma da Previdência prevê a extinção das aposentadorias especiais, caso dos professores de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. A idade para educadores se aposentarem, caso o texto seja aprovado como foi enviado ao Congresso, poderá ser igualada em 65 anos, como as dos demais trabalhadores (com exceção dos militares).

Perguntar não ofende: Se o Governo não aprovar a reforma da Previdência, os programas sociais acabam?

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Carregando