Medidas repercutem bem

Magno Martins, | qua, 25/05/2016 - 00:00
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As primeiras sete medidas anunciadas, ontem, pelo presidente interino Michel Temer (PMDB) dividiram opiniões, mas foram encaradas de forma positiva, sinal de que o Governo vai cortar na própria carne para a sociedade não pagar uma conta salgada. As reações do mercado foram as mais diferentes. Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora, as medidas não significam muita coisa do ponto de vista do ajuste fiscal.

“A primeira [proposta de devolução de R$ 100 bilhões pelo BNDES] não tem efeito nenhum sobre o déficit primário. A relação entre a dívida bruta do governo e o PIB cai, pode melhorar a contabilidade da dívida pública, mas isso não afeta o resultado do déficit primário”, diz ele. Já Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, as medidas são importantes e seguem a programação do Governo no sentido da austeridade.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que algumas medidas adicionais ainda serão adotadas e que estarão na PEC enviada ao Congresso para limitar o crescimento das despesas apenas na mesma variação da inflação. "Em minha opinião, faltou indicar exatamente alguma medida efetiva de corte de despesa e também não se falou em aumento de receita via imposto. Ou seja, fica em aberto dois pontos extremamente importantes para efetivamente se obter o equilíbrio fiscal em 2017, visto que para 2016 o Governo já trabalha com o rombo de R$ 170,5 bilhões, que ainda deve ser aprovado pelo Congresso”, assinalou Agostini.

Para Simão Silber, professor de economia da USP, não se deve esperar nenhuma medida capaz de evitar um déficit primário acima de 2% do PIB este ano com a dívida do Governo aumentando para 75% do PIB. “O jogo de 2016 já foi jogado, com queda do PIB próximo de 4%. As medidas anunciadas são consistentes com a redução do crescimento da relação dívida do governo/PIB e do déficit primário esperado para 2017 e 2018”, observou.

Os R$ 100 bilhões de recursos do Tesouro emprestados para o BNDES, segundo ele, podem ser utilizados para abater a dívida do Tesouro. “A fixação do teto da despesa primária de um exercício com base na inflação do ano anterior pode ser um elemento importante para reduzir o déficit primário a partir do ano que vem. Mas ainda falta muita coisa: desvinculação de recursos da União, aumento de contribuições, redução de subsídios e desonerações fiscais”, acrescentou.

 

RECADO– Incomodado com os protestos em frente à sua casa em São Paulo, o presidente em exercício, Michel Temer, mandou um recado indireto para os manifestantes. Em seu discurso durante o anúncio de medidas econômicas no Palácio do Planalto. “Fui secretário de Segurança Pública em São Paulo e tratava com bandidos”, afirmou. Foi a forma de comunicar que sabe conduzir um governo e que, se necessário, voltará atrás sempre que identificar um erro. Mas também foi uma reação ao que considera uma intimidação da própria família. De forma reservada, ele vem manifestando contrariedade com os protestos diante da residência.

 

Sem largar o osso– Não dá para entender a postura do ex-vice-líder do Governo Dilma na Câmara, Sílvio Costa (PTdoB), de segurar o filho João Paulo na superintendência do Metrorec, quando há mais de dez dias se instalou no País um Governo que ele próprio não reconhece e que classifica de golpista. No Salão Verde da Câmara, ontem, em entrevista a este blogueiro, o deputado reiterou, por mais de uma vez, que vai aguardar o filho ser demitido. “Não entregar o cargo porque seria um gesto de reconhecer que Dilma não volta mais”, alegou.

Segunda baixa?- O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse, ontem, que o presidente em exercício Michel Temer consultou o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, sobre se ele desejaria deixar o cargo antes de um eventual "bombardeio" pelo fato de o peemedebista ser investigado na Operação Lava Jato. Segundo Padilha, a conversa veio após a decisão do então ministro do Planejamento, Romero Jucá, de pedir exoneração do cargo. A saída de Jucá do governo ocorreu um dia depois de o jornal "Folha de S.Paulo" divulgar conversa em que ele sugere um "pacto" para barrar a Lava Jato ao falar com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

Seca verde– Quase 70% dos 185 municípios pernambucanos estão em situação de emergência por causa da estiagem severa, que já dura mais de quatro anos. A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil publicou a relação das cidades no Diário Oficial da União (DOU) de ontem. A situação de emergência é decretada em razão de desastre que incapacita o Estado ou o município atingido a responder pelas consequências sozinho e precisa, portanto, de auxílio complementar da União para as ações de socorro e recuperação. Para isso a Secretaria Nacional de Defesa Civil precisa reconhecer a condição.

Guilherme e Lóssio se entendem – De passagem, ontem, por Brasília, o prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio (PMDB), avançou nas negociações com o deputado Guilherme Coelho (PSDB) para fazer do parlamentar tucano o seu candidato a prefeito. Pela manhã, tomaram café na residência de Guilherme para amarrar alguns pontos com vistas ao anúncio oficial do candidato. "É um nome provável, mas ainda estamos conversando”, disse Lóssio. No Salão Verde da Câmara, em conversa com o blogueiro, o próprio Guilherme confirmou que os entendimentos avançaram bem e que estava disposto a encarar o desafio. “Agora, só depende do tempo”, assinalou.

CURTAS

CONDENADO– O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), aquele que deu uma cusparada na votação do impeachment na Câmara, foi condenado pela Justiça do Distrito Federal a pagar uma indenização por danos morais de R$ 40 mil por uma publicação feita em rede social no ano passado. A imagem foi considerada ofensiva pelos desembargadores da 5ª Turma Cível, que atenderam ao pedido da administradora do grupo Revoltados Online, Beatris Kicis, e determinaram a retirada da publicação. Cabe recurso.

VISÃO DE GILMAR- O ministro Gilmar Mendes, do STF, não enxerga visto tentativa do ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá, em obstruir a Operação Lava Jato numa conversa com o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Questionado sobre a gravação antes de uma sessão na Corte, Mendes disse apenas ter notado uma "impropriedade" de Jucá, no diálogo, quando disse que conversou com ministros do STF e ao se referir a um "acordo" com a Corte para viabilizar o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff e levar à Presidência o interino Michel Temer.

Perguntar não ofende: Quem vai assumir o Planejamento no lugar de Jucá?

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