Guedes e suas negativas

Magno Martins, | qui, 16/07/2015 - 09:32
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No rastro da operação Politeia em Pernambuco, que vasculhou a casa do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o líder do PP na Câmara, Dudu da Fonte, o ex-presidente da Copergás, Aldo Guedes, também entrou no bolo. Desconfortado com a situação, Guedes encaminhou pedido de afastamento do cargo ao governador.

Sua saída aconteceu poucas horas depois dos agentes federais cumprirem mandados de busca e apreensão em sua residência e em uma de suas empresas no âmbito da Operação Politeia. Por meio de nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, da qual a Copergás é vinculada, informou que a saída de Guedes foi aceita pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões.

"O Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, confia na correção de Aldo Guedes e está certo de que ele dará os devidos esclarecimentos sobre os fatos que lhes estão sendo imputados”, informou a nota. Norões passou a acumular, interinamente, o comando da estatal.

Aldo Guedes assumiu a Copergás em 2007. No ano passado a empresa de economia mista, que possui entre seus sócios o Governo do Estado, Mitsui Gás e Energia e Gaspetro, faturou R$ 916 milhões e lucrou R$ 30 milhões. A PF aprendeu documentos contábeis da Jacarandá Negócios e Participações, empresa pertencente a Guedes e que administra sete imóveis comerciais do empresário.

Também foram realizadas buscas em sua residência, no bairro de Boa Viagem. Aldo Guedes entrou no radar da PF após a morte do ex-governador Eduardo Campos, em agosto do ano passado, quando foi apontado como um dos suspeitos de ser o verdadeiro dono do jatinho que caiu em Santos (SP) matando Campos e os demais ocupantes da aeronave.

Guedes nega ser o proprietário ou que tenha intermediado a compra ou venda do Cessna acidentado. Guedes era sócio de Campos em uma fazenda no município de Brejão, no interior de Pernambuco. Ele é o primeiro integrante ativo de um cargo no governo estadual a ter seu nome ligado às investigações do escândalo de corrupção da Petrobras.

Segundo a Polícia Federal, o agora ex-presidente da Copergás, que está no mesmo cargo desde o início do primeiro mandato de Campos, em 2007, era também sócio do ex-governador em ao menos dois negócios, mas na prática nunca assumiu nenhum tipo de relação comercial com o ex-governador.

ESCUTA ILEGAL– O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, diz que não irá tolerar abuso de poder e que, se ficar provado que a escuta encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef não tinha autorização judicial, haverá punição, inclusive com demissões. O grampo na cela de Youssef foi encontrado em abril de 2014. No último dia 2, a CPI ouviu, a portas fechadas, dois policiais federais que afirmaram que o grampo estava ativo e foi instalado sem autorização judicial, segundo relator do presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB).

Desnecessária, mas não arbitrária– Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o senador Fernando Bezerra fez um desabafo em relação à operação da Polícia Federal em sua casa. “Embora legal, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, a ação foi desnecessária”, disse o senador, adiantando que os agentes da levaram apenas documentos referentes ao seu Imposto de Renda que poderiam, se pedidos, serem entregues por ele próprio, caso a PF tivesse requerido antecipadamente. Fernando reiterou que não recebeu os R$ 20 milhões para a campanha de Eduardo em 2010, conforme revelou o ex-presidente da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

Enfrentando o racionamento– A Compesa anunciou, ontem, um novo esquema de distribuição de água no Agreste depois do esgotamento das reservas de Jucazinho. Caruaru passa a ser atendida pela Barragem do Prata, que está com 63% da sua capacidade. O aumento, porém, será menor do que a Compesa previa. Por isso, a Compesa está instalando novos registos na cidade, como também trocando tubulações e realizando ações de controle operacional para maximizar o uso da água disponível.

Insultos no sul– Dilma foi vaiada ontem em Santa Catarina. Manifestantes interromperam o seu discurso na inauguração de uma ponte por diversas vezes gritando “o povo na rua, a culpa é tua, Dilma”. Na sua fala, a presidente destacava seus esforços para o País voltar a crescer. “Tem gente que diante de alguma dificuldade desiste. Nós não somos esse tipo de gente”, afirmou. Dá para acreditar?

Giro pelo Pajeú– O secretário estadual de Planejamento e Gestão, Danilo Cabral, cumpre agenda de visitas ao Sertão do Pajeú amanhã e sábado. Ele visitará cinco cidades da Região, onde participará de inaugurações e de reuniões com lideranças políticas locais. Cabral representa o governador Paulo Câmara na inauguração de obras Ambas financiadas pelo Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM).

CURTAS 

ELEVANDO O TOM– O governador Paulo Câmara está preparando um duro pronunciamento para a reunião dos governadores do Nordeste, amanhã, em Teresina. Ele anda queixoso quanto à falta de atenção do Governo Federal em relação aos pleitos encaminhados em conjunto pelos governadores da região em João Pessoa no último encontro com o ministro da Fazenda.

SIGILO - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que estuda entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a atuação da Polícia Federal na Operação Politeia, que cumpriu mandados de busca e apreensão na última terça-feira nas residências dos senadores Fernando Collor (PTB-AL), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Ciro Nogueira (PP-PI).

Perguntar não ofende: Quais serão os próximos políticos que terão suas casas vasculhadas pela PF?

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