A sensação que temos é que a situação do transporte público no Brasil piora a cada dia. As notícias envolvendo a péssima qualidade do serviço aumentam e chegam a provocar desespero dos cidadãos que utilizam e dependem diariamente dos ônibus, metrôs e outros meios de transporte. Vale lembrar que, durante os protestos ocorridos em 2013, o transporte público precário foi um dos principais temas que tomaram às ruas do Brasil.
São ônibus superlotados e em condições precárias – enferrujados, sem cintos de segurança, quebrados, sem faróis ou outros equipamentos de sinalização -, linhas de metrô que sofrem panes diariamente provocando atrasos ou paralisando a operação, deixando milhões de pessoas sem serviço ou arriscadas a perder o horário do trabalho ou da escola. A situação se torna ainda pior em dias de chuva, quando as estações ficam alagadas de água e até esgotos.
Claro que o Estado não é único culpado por esta situação. Não podemos deixar de criticar os ataques que são feitos aos ônibus que compõem o transporte público e acabam por diminuir a frota disponível nas ruas. No entanto, é fato que o transporte público precário gera problemas em várias áreas sociais: saúde, educação, mobilidade urbana, cultura…
Se a utilização do transporte público é colocada como uma das soluções para os problemas da mobilidade urbana, o que dizer da qualidade de vida de quem utiliza esse tipo de transporte? Não há como negar o quão estressante é conviver diariamente com o sucateamento dos transportes. Isso reduz bastante a qualidade de vida dos usuários do transporte público brasileiro, principalmente para aqueles que dependem de vários transportes em cada trecho que precisa percorrer, que ficam em pé por duas, três horas, em ônibus ou metrôs superlotados, sem ventilação ou segurança.
Se pensarmos do ponto de vista da educação, o problema do transporte público é um fator a mais para prejudicar o rendimento dos alunos, afetando, também, a evasão escolar, a formação de profissionais e a produtividade do país. É fácil entender isso quando pensamos no tempo que os estudantes perdem no deslocamento para as escolas ou até naqueles que não possuem acesso aos meios de transporte para ir ou vir. A mesma teoria se aplica ao acesso ao entretenimento, cultura e lazer das classes menos privilegiadas.
Não sendo suficiente, o transporte público precário não promove acessibilidade e condições dignas de mobilidade aos portadores de necessidades especiais, seja nos centros urbanos ou no interior, onde a situação é ainda pior. Se nas grandes cidades nem todos os veículos e possuem equipamentos e estrutura adequada para atender os portadores de deficiências, nas cidades do interior a estrutura pode ser considerada zero, ou próximo disto, quando falamos em inclusão e acessibilidade.
Caro leitor, não é o fato de ser um serviço público que o torna um serviço ruim. Temos visto exemplos de escolas públicas que são muito melhores que as particulares. É preciso investimento, comprometimento. Alguns governos, prefeituras e câmaras têm apresentado projetos de novas infraestruturas e melhorias na prestação de serviços. Vamos acreditar que é possível mudar e melhorar.