Acredito que eu posso ser a nº 1 do mundo, diz Bia Haddad
Brasileira, que foi semifinalista de Roland Garros neste ano, subiu virtualmente para a 11ª colocação do ranking
No embalo do maior título de sua carreira, Beatriz Haddad Maia admite sonhar grande. Nesta terça-feira, dois dias após ser campeã em simples e também em duplas do WTA Elite Trophy, na China, a tenista brasileira afirmou que tem condições de alcançar o topo do ranking no futuro. E reconheceu que esta é uma de suas maiores metas no circuito.
"Meu principal objetivo é me consolidar no Top 10. E, a partir do momento que você faz semifinal de Grand Slam, você se coloca numa posição de ganhar um Grand Slam. E, se você se coloca numa posição de ganhar um Grand Slam, você se coloca numa posição de sonhar em ser a número 1 do mundo. É um objetivo. Eu ainda tenho que me consolidar no Top 10. Mas eu acredito que, sim, posso ser a número 1 do mundo", disse a tenista.
Bia, que foi semifinalista de Roland Garros neste ano, subiu virtualmente para a 11ª colocação do ranking após o título de simples em Zhuhai, o maior de sua carreira. A posição é virtual porque a lista da WTA não foi atualizada oficialmente nesta semana. Será apenas ao fim do WTA Finals, o último torneio da temporada, disputada em Cancún, nesta semana.
Mas, pelas projeções, Bia ocupa o 11º posto, podendo até terminar o ano em 10º, dependendo de uma combinação de resultados das rivais no Finals. A brasileira não disputa este torneio, que reúne as oito melhores da temporada.
"Hoje estou em 11º lugar no ranking. Neste nível, cada posição exige muito esforço para ser conquistada. Então, eu tenho muito claro para mim que cada posição é um objetivo. Agora quero estar 10, depois vou querer estar em nono. E aí quando chegar a número cinco ou quatro, ali você já briga por coisas maiores", reforçou.
INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE
Em entrevista coletiva concedida nesta terça, Bia também falou sobre um dos momentos mais difíceis da temporada. Em setembro, ela sofreu um acidente no hotel oficial do WTA 1000 de Guadalajara, no México. O box do banheiro estourou e os estilhaços causaram diversas lesões em suas mãos. Ela precisou levar pontos e ficou afastada do circuito por quase um mês.
O acidente trouxe prejuízos diretos à brasileira, que vinha em grande fase no circuito. Ela perdeu a oportunidade de disputar torneios de peso nas semanas seguintes. Poderia ter aumentado sua premiação e os pontos no ranking. A esta altura, poderia já estar confirmada dentro do Top 10.
Nesta terça, ela revelou que recebeu uma indenização do torneio pelos prejuízos que sofreu. "Eu poderia ter sido campeã no México e poderia ter somado muitos pontos e tal. Mas a lei é baseada no que é concreto e não em suposições: tive que comprar passagens de avião, tive que voltar ao Brasil, precisei pagar alimentação, pagar os custos do hospital e os custos equivalente à primeira rodada de Tóquio. Acho que foi justo", afirmou, sem revelar o valor da indenização.
Bia afirmou que a lesões não atrapalham o seu rendimento em quadra. Mas ainda não estão 100% recuperadas. "Minhas mãos estão quase 100%. A sensibilidade do dedo direito da mão direita está um pouco diferente ainda. Ainda me incomoda um pouquinho. Mas na quadra não me limita em nada. Estou apenas colocando uma proteção. Já cicatrizou bem, o que é o mais importante. Não me atrapalha mais."
DINHEIRO
Somente nesta temporada Bia recebeu pouco mais de US$ 2 milhões (cerca de R$ 10 milhões) em premiação, quase metade de tudo que embolsou na carreira (US$ 4,5 milhões, equivalente a R$ 22,5 milhões). Questionada sobre o assunto, ela apontou os altos custos envolvidos numa carreira de tenista, de muitas viagens e gastos em dólares e euros.
"O que me move não é o dinheiro. Nossa premiação é muito exposta. São das poucas profissões do mundo em que o valor pago é exposto. Nem todo mundo gosta disso. As pessoas têm que entender que, dentro deste valor que recebo, eu pago 27,5% de Imposto de Renda, por ser brasileira", apontou a tenista.
"Além disso, tenho a comissão que pago ao meu time. Eu tenho voo, hotel e alimentação, viajando 10 meses por ano, em dólares, com quatro pessoas comigo. Minhas contas são bem altas. E o meu maior investimento é hoje o meu tênis e a minha equipe. Tudo que eu recebo, eu de alguma forma invisto em mim mesma, como sempre fiz, em outras proporções anos atrás. Eu não penso no meu pós-carreira ainda. Gostaria de jogar mais 10 anos ainda. E vou continuar investindo para continuar jogando", declarou.