Irã executa lutador acusado de assassinato
O Comitê Olímpico Internacional (COI) expressou 'choque' com a notícia da execução do lutador iraniano
O Irã anunciou neste sábado (12) que executou o jovem lutador Navid Afkari, condenado a morte pelo assassinato de um funcionário público durante as "revoltas" de 2018, notícia que provocou um forte impacto em todo o planeta e no Comitê Olímpico Internacional (COI)
A sentença de "qesas", ou seja a "lei de talião", uma pena de "retribuição", foi executada neste sábado na penitenciária de Shiraz, sul do país, informou o procurador-geral da província, Kazem Musavi, à televisão estatal.
De acordo com a autoridade judicial, Afkari, 27 anos, foi condenado por "homicídio culposo" de um funcionário da empresa pública de águas de Shiraz, que morreu esfaqueado em 2 de agosto de 2018.
De acordo com amigos e parentes, o campeão de luta foi condenado com base em uma confissão obtida após tortura. Assim como outras cidades do Irã, Shiraz foi cenário em 2 de agosto de 2018 de manifestações contra o governo e a situação econômica e social do país.
- Comoção do COI -
A pena de morte foi aplicada "ante a insistência da família da vítima", afirmou o procurador-geral da província.
Mas de acordo com o advogado de Afkari, Hasan Yunesi, no domingo estava programada uma reunião com a família da vítima para "pedir perdão" e evitar a aplicação da pena de morte.
"Estavam com tanta pressa que negaram a Navid seu direito a uma última visita", escreveu Yunesi no Twitter.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) expressou "choque" com a notícia da execução do lutador iraniano.
"É profundamente lamentável que os apelos de atletas de todo o mundo, e todo o trabalho do COI, com o Comitê Olímpico Iraniano, a Federação Internacional de Luta Livre e a Federação Iraniana de Luta Livre, não tenham alcançado seu objetivo", lamentou o COI em um comunicado.
"A execução do lutador iraniano Navid Afkari é uma notícia muito triste", indicou o comitê.
"Respeitando a soberania da República Islâmica do Irã, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, fez um apelo esta semana ao Líder Supremo e ao presidente do Irã em cartas separadas e pediu clemência para Navid Afkari", recordou a entidade.
A condenação a morte do atleta provocou polêmica e uma campanha por clemência ganhou força no Irã e em outros países.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu clemência ao Irã para uma "grande estrela da luta... que não fez nada além de participar de uma manifestação antigovernamental".
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) expressou na sexta-feira grande preocupação com a "iminente execução secreta" de Navid Afkari.
De acordo com a AI, ele e seus dois irmãos, condenados a longas penas de prisão no mesmo caso, são "as vítimas mais recentes do defeituoso sistema de justiça do Irã".
O Irã, que executou pelo menos 259 pessoas em 2019, é, ao lado da China, o país que mais recorre à pena capital, de acordo com a Anistia Internacional.