Lusa do Canindé celebra 99 anos sem ter o que comemorar
Situação financeira e diretiva da Associação Portuguesa de Desportos preocupa os defensores da bandeira verde-encarnada
Um dos clubes mais tradicionais do Brasil completa, neste 14 de agosto, 99 anos de existência. A Associação Portuguesa de Desportos, que já teve em seu escrete nomes como Djalma Santos, Julinho Botelho e Luís Pereira, além de ter revelado para o futebol atletas como Eneas (1954-1988), Ivair, Basílio, os dois laterais Zé Maria, Zé Roberto, Dener (1971-1994) e Rodrigo Fabbri, é dona de um patrimônio invejável mas vive um momento crítico a um ano de tornar-se centenária.
O time não está em nenhuma das divisões do cenário nacional e passou por apuros para se manter na segunda divisão (série A2) do Campeonato Paulista. A preocupação da comunidade lusitana é enorme e a torcida teme pelo pior, como afirma o jornalista Guilherme Hey Assumpção, torcedor da Portuguesa desde criança. “Com as últimas gestões, principalmente a última, a chance do clube acabar é grande, caso não tenha uma mudança drástica”, diz. O mandato do atual presidente da Lusa, Alexandre Barros, vai até o final de 2019.
Mas não é só no futebol que a Portuguesa definha. Desde 2015, o ginásio do clube é alugado para igrejas evangélicas sendo usado, quase que de forma exclusiva, para a realização de cultos religiosos. O parque aquático foi demolido em 2018. O estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte é usado cada vez menos para a prática esportiva pois o custo da manutenção é considerado alto para a atual receita da Lusa. Em entrevista à TV Gazeta em 2018, o presidente Alexandre Barros calculou a dívida do rubro-verde paulistano em cerca de R$ 350 milhões.
O jornalista Guilherme Hey Assumpção, 36, é torcedor da Lusa desde 1992 - Foto: Arquivo Pessoal
Mesmo com a colônia portuguesa sendo parte constante da diretoria do clube, a torcida parecia ser mais próxima de seus administradores e funcionários. Para Assumpção, os lusitanos desanimaram. “A torcida da Lusa desistiu, ficou cansada”, diz. “A Portuguesa tem sempre as mesmas famílias, então, precisa ser um grupo de fora disso para a torcida voltar a acreditar”, opina. Ainda segundo o jornalista, falta gerenciamento, profissionalismo e gestão. “O clube só voltará ao patamar nacional se fechar parcerias com empresas pois não vejo ninguém nos bastidores ou na política do clube com competência pra levar a Lusa de volta à elite”, finaliza.