Filme resgata rivalidade entre 'Todo Duro' e 'Holyfield'
A Luta do Século venceu o Festival do Rio de Janeiro em 2016 e nos cinemas do País a partir do dia 15
Vinte anos se passaram desde o primeiro confronto do baiano Reginaldo "Holyfield" com o pernambucano Luciano "Todo Duro" e outros três desde a última luta. Mas a rivalidade ainda está viva. A história e a preparação desse último embate estão no documentário "A Luta do Século", vencedor do Festival do Rio de Janeiro em 2016 e nos cinemas do País a partir do dia 15.
"Fica esperto, e não fica no meio, se não você pode acabar perdendo uns dentes que nem o jornalista da Globo", avisa Todo Duro ao repórter do Estado durante a entrevista, referindo-se ao episódio em que brigaram ao vivo durante o programa "Bom Dia Pernambuco", da Globo.
O episódio não foi isolado. Diversas vezes, os boxeadores se engalfinharam fora dos ringues. "Todo Duro é muito abusado, enquanto Holyfield não leva desaforo para casa", resume o diretor do filme, Sérgio Machado.
Apesar de rivais, os lutadores têm origens parecidas. Todo Duro era jardineiro em Recife antes de ser boxeador, enquanto Holyfield era estivador no porto de Salvador. Ambos eram analfabetos e saíram da miséria graças ao boxe. "Procurei fazer um retrato do Brasil. De dois homens que, apesar de todo o talento, de tudo o que alcançaram, acabaram voltando para o lugar onde estavam", diz o cineasta.
Segundo Sérgio, o documentário não foi pensado assim. Ele se tornou um documentário para acompanhar o cotidiano dos dois boxeadores e, por coincidência, acabou mostrando a sétima luta entre ambos.
No auge, os dois chegaram a mirar uma carreira internacional, nenhuma das duas decolou, mas tiveram embates transmitidos na voz de Luciano do Valle. Pouco tempo depois, passaram por problemas fora do ringue, que os obrigaram a parar. Por fim, voltaram para as periferias das capitais de seus respectivos Estados.
"O filme conta uma história do Nordeste, de Bahia contra Pernambuco, rivalidade que existe no futebol e no boxe", diz Holyfield. "Vão ver o filme, porque vocês vão gostar, e vão ver que dei muita porrada nele", diz Holyfield. "Pode vir baiano, paulistano, carioca que bato em todo mundo", brinca Todo Duro.