Jovens da Marambaia mudam de vida com a prática do karatê
Atletas de Belém pedem apoio para disputar os campeonatos Pan-americano e Sul-americano, nos dias 24 a 26 de novembro, em Sergipe
Dentro do centro comunitário do bairro da Marambaia, em Belém, durante as tardes, crianças e jovens colocam seus quimonos e faixas na cintura e praticam uma das artes marciais mais antigas e tradicionais: o karatê. Jovens e crianças da comunidade ao redor do bairro, que antes se encontravam ociosos, atualmente exibem inúmeras medalhas no peito e títulos, como de campeões brasileiros. Os jovens atletas vão participar nos próximos dias 24, 25 e 26 de novembro dos campeonatos Pan-americano e Sul-americano de Karatê, em Sergipe.
Bianca Barros, de apenas 13 anos, é uma das atletas que participam do projeto Instituto Kiai de Karatê (IKK) desde o começo. Hoje ela amarra uma faixa marrom na cintura. A faixa marrom é a que antecede a faixa mais importante das artes marciais, a preta. Bianca conta que conheceu o projeto através de uma tia, e ao assistir a uma aula manifestou interesse e se inscreveu. “Conheci o projeto através de uma tia minha, ela veio inscrever meu primo, logo depois ela me chamou pra assistir um treino, eu assisti, me identifiquei e falei pra ela me inscrever. Já faço parte do projeto há três anos”, conta a atleta que já foi campeã brasileira.
A carateca diz que o projeto a ajuda a desenvolver corpo e mente, melhorando seu desempenho dentro da escola e suas relações sociais. “A prática do esporte pra mim é uma coisa muito importante porque desenvolve o nosso físico e pensamento. O objetivo do projeto não é somente criar atletas e praticantes, e sim criar cidadãos de bem para a sociedade. O karatê me ajudou a desenvolver todos os lados de mim que eu não conhecia, e desde então ele está presente na minha vida”, explicou Bianca.
O projeto Kiai de Karatê teve início em setembro de 2014, e já comemora três anos, colecionando diversos títulos e atletas. Atualmente, 30 alunos participam do projeto, que é gratuito para alunos de escola pública com a faixa etária de 7 a 15 anos. O projeto foi idealizado pela professora de karatê Luciana Pantoja.
Luciana Pantoja é 3º dan da faixa preta da arte marcial. Ela conta que, ao passar a morar no bairro da Marambaia, percebeu a necessidade de criar um projeto voltado para os jovens da comunidade ao redor. “O projeto começou de um sonho meu, eu sempre tive vontade de fazer um projeto social assim, por acreditar que o esporte salva vidas. E pela crescente da violência das crianças que estão a cada dia que passa, mais jogando pras drogas, prostituição, pra bandidagem, e isso compromete a nossa sociedade, então eu sempre tive vontade de fazer essa colaboração com a sociedade”, contou.
O projeto tem apoio do Centro Comunitário da Marambaia, que cede o espaço para os treinos, e da Secretaria de Esporte e Lazer (SEEL), que doou material como quimonos, protetores bucais e o tatame.
Os alunos foram classificados para competir no Pan-americano e no Sul-americano de Karatê durante o Campeonato Brasileiro de Karatê e por um convite direto da Confederação de Karatê Open (CBKO). Os alunos precisam pagar suas inscrições, mas ainda não possuem o transporte e estada garantidos.
Um dos alunos que irão competir em ambos os campeonatos é Pedro Lucas, de 14 anos, atleta faixa verde de karatê, que conheceu o projeto porque seu tio cortava cabelo no centro comunitário. “Eu conheci o projeto pelo meu tio, ele vinha sempre cortar cabelo aqui e ele viu o pessoal praticando karatê. Eu vim com ele e me inscrevi”, conta Pedro. O atleta nunca competiu em nível internacional e disse que está ansioso para representar o Pará na competição.
Os atletas e a professora do projeto necessitam garantir sua viagem e pedem doações para e apoio para conseguir ir para o campeonato. “Estamos precisando de toda a ajuda possível”, explica a professora Luciana.
O projeto funciona três dias na semana, terça, quinta e sábado, à tarde, no Centro Comunitário da Marambaia. Para apoiar os atletas com transporte e doações, o contato para mais informações é: (91) 98185-2829 – Professora Luciana Pantoja. Veja vídeo abaixo.
Por Ariela Motizuki.