Olimpíada de Inverno na Coreia do Sul convive com ameaça

O Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Sul tem se apressado em dizer que, mesmo com as incertezas, nenhum país desistiu da competição

qui, 28/09/2017 - 09:13
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A tensão entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos, além dos repetidos testes de mísseis do regime de Kim Jong-un, geram inquietação pela segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, que serão disputados em fevereiro de 2018 na Coreia do Sul, muito perto da fronteira com o país vizinho. A reportagem é da EFE.

Faltando pouco mais de um mês para a chegada da tocha olímpica à Coreia do Sul e a 134 dias para o início das competições em 9 de fevereiro, a crise norte-coreana tomou conta das manchetes que, pela proximidade do evento, já deveriam estar dominadas pelo esporte.

As provocações entre Donald Trump e Kim Jong-un, o voo de bombardeiros americanos sobre a região e o último teste nuclear de Pyongyang geraram preocupação em vários países que enviarão atletas para os Jogos de Inverno, como França, Alemanha e Áustria.

O Comitê Organizador mostrou absoluta confiança de que, apesar da crescente tensão, PyeongChang 2018 não será o primeiro evento olímpico a ser cancelado desde a Segunda Guerra Mundial.

O Ministério de Relações Exteriores da Coreia do Sul tem se apressado em dizer que, mesmo com as incertezas, nenhum país desistiu da competição. A diplomacia de Seul também promete que o governo redobrará os esforços para garantir a segurança e aliviar qualquer temor entre os atletas e o público.

"Estamos preocupados pelos comentários agressivos de Kim Jong-un e Trump", admitiu em entrevista coletiva o ministro de Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul, Do Jong-whan, que disse compreender a inquietação geral sobre a segurança do evento.

"Mas quero lembrar que estamos tentando garantir a paz e a segurança em toda a península coreana. Queremos aproveitar PyeongChang para transformar crise em oportunidade", completou.

Novo governo

Desde a chegada de Moon Jae-in à presidência em maio, o governo da Coreia do Sul tentou fazer com que a Coreia do Norte, país com o qual mantém tecnicamente uma guerra há mais de 65 anos, cooperasse com PyeongChang 2018, recebendo as competições de esqui e formando uma equipe conjunta de hóquei de gelo feminino. A tocha olímpica também passaria pelo território do problemático país vizinho.

Mas o regime de Kim não se pronunciou até o momento sobre o convite. Atualmente, a única participação norte-coreana que parece plausível, desde que a Coreia do Sul autorize, é a da dupla de patinadores artísticos Ryom Tae-ok e Kim Ju-Sik.

O condado de PyeongChang, uma tranquila região montanhosa, está a apenas 70 quilômetros da militarizada fronteira entre os dois países. As constantes ações da Coreia do Norte nos últimos anos, no entanto, foram complicando a situação da região.

Quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) escolheu PyeongChang em 2011 como sede dos Jogos de Inverno a serem realizados sete anos mais tarde, Kim Jong-il, pai do atual líder da Coreia do Norte, ainda estava vivo. As tensões com a Coreia do Sul e os EUA eram menos frequentes e geraram um barulho menor. Além disso, Pyongyang não testava tantas armas como agora.

A veemência da era de Kim Jong-un, que já lançou em um ano mais mísseis que nos 17 anos da liderança de seu pai - além dos quatro testes com bombas nucleares -, levou o Comitê Organizador a incluir um "c" maiúsculo no nome oficial do evento (PyeongChang 2018) para evitar confusões com a capital norte-coreana, Pyongyang.

Em todo caso, muitos se recordam que, apesar dos temores provocados pela crise, metade dos 360 mil ingressos colocados à venda para estrangeiros já foram adquiridos.

Outros também lembram que a Coreia do Sul tem a experiência de ter realizado os Jogos Olímpicos de 1988. Já havia a sombra do regime dos Kim, que, além de boicotar o evento esportivamente, orquestrou um atentado que matou, em novembro de 1987, 115 passageiros do voo 858 da Korean Air.

Sucesso ou fracasso, o que parece claro é que a crescente instabilidade do nordeste da Ásia ameaça os três próximos eventos do COI. Os Jogos Olímpicos de 2020 serão realizados em Tóquio, capital do Japão. Já a próxima edição dos Jogos de Inverno, em 2022, está sendo organizada pela China em Pequim.

Da EFE

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