'Pensei que ia morrer no Rio', conta maratonista indiana
O.P Jaisha não usou água ou energéticos da federação indiana durante a disputa dos 42km e desmaiou ao completar o percurso
Durante uma prova de atletismo, a alimentação e hidratação corretas são imprescindíveis para um bom desempenho do atleta. Em uma maratona de 42 quilômetros, a falta de energéticos e água pode ser um grave risco à saúde do esportista. No caso da corredora indiana, Orchatteri Puthiya Jaisha, a falta de entendimento entre comissão técnica e federação levou a uma situação bem complicada durante os jogos olímpicos Rio-2016. Pouco após encerrar a disputa no 89º lugar, Jaisha teve um mal-estar e desmaiou. O motivo: faltou água e energético.
"Estava muito quente. Eu corria às 9h, em um calor insuportável, e não havia água para a gente, ou energéticos e comida. Em oito quilômetros, a única coisa que recebemos foi uma água, dos próprios organizadores do Rio, o que não fez diferença alguma. Todos os países tinham suas paradas a cada dois quilômetros, mas a nossa estava sempre vazia", contou a corredora.
Ao final da prova, Jaisha desmaiou e precisou ser levada a um hospital. Nikolai Snesarev, treinador da maratonista, acabou discutindo com os médicos e foi detido pela polícia local. Snesarev foi liberado após 12h. "Meu treinador empurrou um dos médicos para o meu quarto, pois pensou que eu estava morta. Ele sabia que seria o responsável se algo me acontecesse. Deveríamos receber as bebidas pelos nossos técnicos oficiais, é a regra. Não podemos receber de outras equipes. Eu vi a equipe da Índia lá, mas não havia nada. Tive vários problemas, desmaiei, precisei tomar glicose. Pensei que iria morrer", desabafou.
Inconformada, a maratonista foi atrás de respostas da federação, mas não conseguiu nada. "Eu não sei o que estavam fazendo, haviam várias pessoas da comissão indiana, qualquer um poderia ter providenciado isso", reclamou.
Toma lá, dá cá
Se por um lado Jaisha culpa a delegação indiana pelo ocorrido, a Federação Indiana de Atletismo, (AFI) emitiu uma declaração responsabilizando atleta e treinador pela falta de água durante a prova no Rio de Janeiro. De acordo com a nota, o gerente da equipe indiana foi ao quarto de Jaisha e Raut, outra representante na maratona feminina, na noite anterior a prova, oferecer bebidas personalizadas, mas ambas recusaram. Segundo a Federação, dezesseis garrafas seriam disponibilizadas para as atletas e posicionadas nos stands, mas as corredoras disseram que não queriam e, se fosse necessário, usariam da própria organização.
A AFI deixou clara sua posição ao afirmar que as declarações de Jaisha são infundadas e recordou que em outra ocasião, uma disputa oficial em Pequim, 2015, a maratonista também recusou as bebidas oferecidas pelos oficiais da delegação, por meio do técnico que havia dito não ser um hábito dela utilizar bebidas personalizadas.
Com informações do The Times of India