A eterna busca brasileira pelo ouro no futebol olímpico
Na vigésima sétima edição do futebol nas olimpíadas, Brasil chega favorito e ainda mais pressionado a conquistar único título que falta para a seleção masculina
O Brasil é o país do futebol, certo? Se o tema em questão for Jogos Olímpicos, a resposta será negativa. Na verdade, se forem consideradas apenas as medalhas de ouro, a seleção canarinho é apenas a 21ª melhor do mundo. Mais difícil do que digerir tal afirmativa é não cobrar da nova geração uma mudança nesse quadro. A pressão para a geração liderada por Neymar é imensa e o craque vai precisar superar a desconfiança para guiar seus companheiros ao ouro inédito no Rio-2016.
Camisa pesada
O futebol foi o segundo esporte coletivo incorporado às Olimpíadas. Em Paris, 1900, foi disputado o primeiro torneio do esporte bretão, que chega a sua 27ª edição em 120 anos de jogos olímpicos. Nesse tempo todo, 16 países conquistaram o ouro entre os homens. Entre eles, Hungria, Bélgica, Nigéria, Camarões, República Tcheca e a extinta Iugoslávia, países com pouca tradição em Copas do Mundo.
Some o título desses países aos momentos que o Brasil não conquistou o ouro e você vai ter apenas um resultado possível: pressão. Nenhuma palavra define melhor o que os jovens atletas do Sub-23 encaram sempre que vestem a amarelinha em Olimpíada. Em 2016 não será diferente, não bastassem as cobranças por um título que ainda não aconteceu, a equipe de Neymar entra nos Jogos como favorito para a conquista, o que só aumenta o peso da camisa, já bastante pesada desde o 7 a 1 sofrido na Copa do mundo do Brasil contra a Alemanha.
Os craques sem títulos
É difícil entender o que acontece com o país que domina o futebol nas copas quando disputa os Jogos. O Brasil foi três vezes medalha de prata (1984, 1988 e 2012) e levou o bronze em outras duas oportunidades (1996 e 2008). Nos times vice-campeões figuravam grandes craques como Romário, Bebeto, Mazinho, Careca, Taffarel, Dunga, Mauro Galvão e, mais recentemente, Neymar, Lucas Moura, Marcelo e Thiago Silva. O time de 1996, por exemplo, bronze em Atlanta, entrou dois anos depois de a equipe principal vencer sua quarta Copa do Mundo, nos EUA, em 1994. Mas se as seleções em que estavam surgindo craques não conseguiram vencer, por que no Rio-2016 seria diferente? A explicação para tal está no contexto em que chegam às Olimpíadas.
Adversários 'desarmados'
Além do fator casa, já que o Brasil nunca havia sediado uma edição dos jogos, e dessa vez os principais adversários entram com times mais desfalcados. Os maiores craques da atualidade, Cristiano Ronaldo (POR) e Messi (ARG), sequer virão ao Rio de Janeiro. O português por conta de uma lesão sofrida na final da Eurocopa; o argentino, por opção.
Outra candidata ao título que não terá força total é a Alemanha. Os atuais campeões mundiais optaram por apostar em suas jovens promessas, que já têm se destacado nos clubes nacionais. O México, que ficou com o ouro contra o Brasil em Londres-2012, vem com um time bem diferente. Mas o carrasco da amarelinha, Peralta, é presença garantida. Correndo por fora, a Colômbia não terá James Rodriguez, Cuadrado ou Jackson Martínes nos jogos. Teófilo Gutiérrez e Miguel Borja, algoz do São Paulo na Libertadores, são os nomes mais fortes para a disputa.
Grupo forte
O elenco da seleção canarinho já sai na frente do restante por conta da presença de Neymar. De longe o maior craque na competição, o camisa 10 terá as companhias de jovens atletas que já são protagonistas em seus clubes, inclusive os que jogam na europa. Marquinhos (PSG), Felipe Anderson (Lazio) e Rafinha Alcântara (Barcelona) são fortes nomes para brilhar na Rio-2016. Além dos que jogam no exterior, o Brasil conta com os favoritos que atuam na liga nacional e já tem mostrado muita personalidade. Douglas Santos, Rodrigo Caio, Thiago Maia, Gabigol, Luan e Gabriel Jesus já se destacam no Brasileirão e também devem se destacar durante os jogos.
'Chance de ouro'
Com um tempo de preparação maior, jogando em casa, tendo o maior craque da competição e em um grupo mais fraco e longe da chave dos principais adversários, o Brasil tem tudo para fazer uma bela campanha. Com o sorteio das chaves, a seleção não encontrará Alemanha, Portugal, México ou Argentina até a semifinal do torneio.
Em um grupo com Iraque, Dinamarca e África do Sul, espera-se que a classificação em primeiro lugar seja relativamente tranquila. Neste momento, resta ao público brasileiro acompanhar os jogos e torcer para que os atletas da amarelinha consigam fazer história, de preferência, sem repetir os desempenhos passados. Ao menos, os resultados olímpicos.