“O basquete estava estagnado e não era produto”

Carlos Nunes, Presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) esteve no Recife e concedeu entrevista ao Portal LeiaJá

por Thiago Graf qui, 22/03/2012 - 12:21
Marionaldo Júnior / LeiaJá Imagens Carlos Nunes afirma que as principais estrelas do basquete serão chamadas para as Olimpíadas Marionaldo Júnior / LeiaJá Imagens

No comando da entidade mais importante do basquete nacional, Carlos Boaventura Correa Nunes, presidente da Confederação Brasileira (CBB), esteve em visita no Recife para abertura oficial da temporada 2012 da modalidade em Pernambuco. Minutos antes do início da solenidade de lançamento, realizada nesta quarta-feira (21), o gestor conversou com o Portal LeiaJá e falou sobre problemas e avanços da modalidade no país.

Solícito e demonstrando confiança no futuro, Nunes falou sobre o basquete em Pernambuco e comentou o que era possível fazer para melhorar a disputa no Estado. Depois de reuniões com gestores governamentais, ele revelou que o Estado pode ser local de grandes competições de basquete nos próximos anos, caso consiga finalizar a estrutura do Complexo Esportivo Santos Dummont, em Boa Viagem. Além disso, Carlos ressaltou o bom momento do esporte após a classificação das seleções masculina e feminina para os Jogos Olímpicos de Londres, mas não escondeu que ainda existem pontos a serem melhorados.

Por fim, o gestor ainda esclareceu o imbróglio causado pela não ida de estrelas do basquete nacional, como Nenê e Leandrinho, para a disputa do pré-olímpico de 2011, na Argentina. Confira abaixo a entrevista completa:

LeiaJá - O Senhor veio ao Estado para fazer a abertura oficial da temporada 2012 do basquete. O que você conhece da modalidade em Pernambuco?

Carlos Nunes - Eu sou um velho conhecido do esporte em Pernambuco. Venho aqui seguidamente e, dessa vez, recebi um convite honroso do Pezão (Luiz Morais, presidente da FederaçãoPernambucana de Basquete) para participar da abertura. Além disso, estou aqui também para ver a possibilidade de trazermos eventos nacionais e internacionais para o Recife, uma vez que achamos que com isso podemos motivar o pessoal que está disputando o estadual e atrair novos pretendentes. Fizemos reuniões proveitosas com a Secretaria de Esportes e saímos muito contentes porque vimos que o complexo esportivo do Santos Dummont está em andamento e com previsão de lançamento definido: dezembro de 2013. Com a inauguração dele poderemos trazer grandes competições para cá.

LeiaJá – Como  o basquete pernambucano pode melhorar?

Carlos Nunes - Pode melhorar desde que haja interesse dos clubes, colégios, professores e atletas de fazerem parte da Federação. Estou aqui para ministrar essa palestra e tentar motivar. Temos que aproveitar esse momento que vive o basquete nacional, que é impar, uma vez que fazia 16 anos que não nos classificávamos para uma Olimpíada. Temos um bom time, com um técnico de renome, o qual já veio ao aqui ao Recife – no ano passado. No entanto, a parte maior de envolvimento tem que ser feita pelos próprios professores, jogadores, atletas, clubes e dirigentes. Em Pernambuco existem times com potencial. O Sport, por exemplo, está vendo a possibilidade de montar um elenco feminino para o ano que vem. Devagarzinho ou um pouquinho mais rápido (risos) a gente vai conseguindo incrementar um melhor número de atletas e clubes.

LeiaJá - Em entrevista ao LeiaJá, o Presidente da Federação Pernambucana de Basquete (FPB), Luiz morais (Pezão) – por várias vezes – falou da necessidade do profissionalismo de atletas, clubes e técnicos. Qual o seu comentário sobre a situação profissional do basquete no Estado e no restante do país?

Carlos Nunes - Quando assumimos a CBB, profissionalizamos todo mundo. Não existe nenhum funcionário da entidade que hoje não seja pago pelas suas funções. Com relação ao trabalho dos clubes, é preciso que eles façam o papel deles – que é se filiar às federações, participar dos eventos e trabalhar as categorias de base. Se todos nós fizermos nosso trabalho, o nosso dever de casa, o basquete vai alcançar a afirmação necessária em muito menos tempo do que a gente pretende.

LeiaJá - O basquete viveu um momento complicado, mas está se reestruturando e hoje teremos duas seleções nas Olimpíadas. Qual o impacto das seleções nessa nova fase?

Carlos Nunes - É importantíssimo, é um espelho. O Novo Basquete Brasil (NBB) também veio para somar. Esse ano a decisão do NBB também terá o transmissão da TV aberta, o que é relevante para a visibilidade e o interesse do público em si pela modalidade. Mas, como eu disse, é preciso aproveitar esse momento da classificação das seleções. Isso dará um “chamamento” muito grande como ocorreu no pré-olímpico. Nós temos os dados de audiência e a TV bateu o recorde de audiência, conseguimos suplantar até o futebol. Temos boas equipes para os Jogos de Londres e se fizermos uma boa campanha consagradora será de grande valia para esta nova fase.

LeiaJá - Mesmo com esse crescimento ainda existem pontos fracos no basquete brasileiro? O que pode melhorar?

Carlos Nunes - Nós temos muitas deficiências. O basquete estava estagnado e não era produto. Com o crescimento, hoje temos condições de pleitear patrocínio, o que não existia. Precisamos trabalhar muito a categoria de base para ter peças de reposição. No pré-olímpico, as três principais estrelas, uma por contusão e duas por motivos particulares, não foram e mesmo assim nós ganhamos da Argentina lá dentro, porque nós tínhamos essas peças. Os meninos eram novos, mas com experiência na Europa e nós conseguimos o nosso objetivo. Se a gente não continuar este trabalho, fica difícil.

LeiaJá - Como está a preparação das seleções para Londres 2012?

Carlos Nunes - As preparações ainda não começaram. A equipe feminina se apresenta dia 15 de maio e a masculina apenas em 16 de junho. A partir daí será iniciado o período de treinamentos. Teremos dois grandes torneios aqui no Brasil, um no masculino e outro no feminino, ambos em São Carlos de Foz do Iguaçu-PR.

LeiaJá - Falando em seleção, é inevitável não comentar sobre as ausências das estrelas brasileiras no pré-olímpico (Nenê, Leandrinho, Anderson Varejão e Iziane). Existe algum tipo de problema? Eles vão integrar o grupo que vai às Olimpíadas?

Carlos Nunes - São dois momentos diferentes. Eles não foram ao pré-olímpico por motivos particulares e o Anderson (Varejão) por lesão. Nós já assistimos duas entrevistas do Nenê para a imprensa americana afirmando que quer participar. Mas, independente da vontade deles, vamos convocar. Serão todos chamados. Não sei se o Rubén (Magnano) vai convocar 18 ou 20 jogadores, mas depois ele selecionará os 12 que viajarão para Londres. Nenê, Leandrinho, Thiago Splitter, Varejão, Marcelinho Huertas, todos serão convocados e depois o nosso treinador vai escolher os selecionados.

LeiaJá – As seleções brasileiras já conquistaram prata e bronze nas Olimpíadas. Em 2012 é possível ganhar o ouro?

Carlos Nunes - Nós vamos para isso, queremos ganhar. O índice técnico é muito elevado, mas nós temos boas equipes e, se contarmos com nossa força máxima, temos muitas chances. Estamos trabalhando para naturalizar o norte-americano Larry Taylor, atleta do Bauru e, se nós conseguirmos, vai somar muito.

LeiaJá – Por fim, como o Senhor projeta o basquete brasileiro no futuro?

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