Conselho pede que foliões evitem fantasia de 'enfermeiro'
Iniciativa do Coren-PE visa coibir a erotização da profissão e combater o machismo
Uma campanha lançada pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE) tenta convencer foliões a não utilizar fantasias que façam referência à profissão. Com o mote "Enfermeira não é brincadeira", a ação visa coibir a erotização da profissão e evitar o machismo, funcionando através de materiais educativos publicados em redes sociais. As publicações ressaltam que as fantasias e adereços relacionados à enfermagem podem incentivar o assédio, principalmente às mulheres.
“A iniciativa partiu do plenário do Coren-PE, que, em cumprimento à Lei 5.905/73, tem a prerrogativa de defender os profissionais de enfermagem. A campanha tem o objetivo de enfrentar os estigmas, cuidar da mulher, coibir assédio e estimular mulheres das mais variáveis categorias profissionais à sororidade, em defesa de profissionais de enfermagem que estão constantemente expostas aos mais diversos tipos de assédio”, afirma o Presidente do Coren-PE, Gilmar Júnior.
Gilmar também frisa que a categoria é majoritariamente composta por mulheres (86%). "A fantasia de enfermeira ou técnica de enfermagem, na maioria das vezes, é associada à erotização da profissão. E abordagens do tipo funcionam fortemente como empecilho na luta da categoria por reconhecimento, respeito", reforça.
A luta do Coren-PE se junta ao trabalho de conscientização de outras entidades públicas e grupos organizados espalhados pelo país que buscam desestimular o uso de fantasias e adereços que possam ridicularizar pessoas e culturas, a exemplo de indígenas, travestis e pessoas pretas. “A enfermagem é uma profissão que exige anos de estudo e aperfeiçoamento em qualquer grau de escolaridade. A replicação da fantasia de enfermeira ou técnica de enfermagem, é um claro exemplo do machismo estrutural enraizado na cultura desse país, que tenta impor o trabalho da mulher à contextos nada verosímil ao da realidade: mulheres cujo cuidado está pautado na técnica e na ciência”, concluiu Gilmar Júnior.