Spok celebra 'geração interessada em compreender o frevo'
Maestro falou de Carnaval, pandemia e novos projetos
Maestro Spok é figurinha carimbada no Carnaval de Pernambuco, há quase duas décadas. Só no Recife, o homem comanda o baile municipal e o orquestrão do frevo, que encerra oficialmente a festa no Marco Zero. A pandemia da Covid-19 deixou o músico afastado de tudo. No entanto, o período de isolamento também lhe trouxe inspiração. Numa rápida conversa com o LeiaJá, nesta segunda-feira (13) - prestes a entrar num ensaio que duraria das 18h às 1h - Spok falou do retorno à folia, de novos projetos, do mestrado recém iniciado e de uma nova geração ‘interessada em compreender o frevo'.
LeiaJá - Como foi ficar esses dois anos sem Carnaval? Imagino que você teve prejuízos, mas esse tempo serviu para ideias novas?
Spok - Foi dificílimo para todo mundo, principalmente para o universo artístico. Mas eu tenho que dizer que eu consegui encontrar “alguns sabores”, repensar muita coisa dentro do meu universo artístico, compor várias coisas, pensar vários projetos. Principalmente, o olhar para minha família, esse foi o principal sabor que eu encontrei nessa situação difícil. Nunca estive tão perto dos meus filhos, meu bebê hoje está com quatro anos, então acompanhei tudo com ele. As importâncias mudaram na minha vida.
LeiaJá - Você comanda vários eventos no Carnaval do Recife há quase duas décadas, como manter a orquestra afiada?
Spok - Tentar mantê-la viva é tentar produzir sempre alguma coisa. Mas, no Carnaval, com a quantidade de trabalho que aparece, a gente consegue dar uma atenção suficiente a ela. O Carnaval possibilita a saúde de vários grupos artísticos e musicais.
LeiaJá - Você acha que tem uma nova geração aí para manter o ritmo ativo?
Spok - Eu, sem nenhuma arrogância, fico feliz em fazer parte de uma geração que colaborou para que o frevo continuasse saudável. Ver, hoje em dia, uma nova geração interessada em compreender, estudar e pesquisar o frevo, fico muito feliz. Ver vários trabalhos de mestrado, doutorado, envolvendo o universo do frevo me deixa alegre. E eu faço parte de uma geração que instigou tudo isso. Ver o frevo hoje, por exemplo, na academia, também é um grande sonho. Tanto que, depois de velho, ano passado, terminei minha licenciatura, que eu nunca estudei, né. Gostei tanto de estudar que fiz meu pré-projeto, passei no mestrado e já terminei meu primeiro semestre. Vou começar o segundo agora, esse mês já tenho aula.
LeiaJá - Quem você indicaria da nova geração do frevo para as ficarem ligadas?
Spok - Difícil indicar nomes, porque tem muita gente fazendo bons trabalhos, tanto no instrumental, como no poético, no melódico, no rítmico. Mas se eu for indicar um, tem a Orquestra Malassombro, que cabe de tudo dentro, poesia, melodia e janelas abertas para novos jeitos de se fazer. Se eu for falar de um músico, fico com medo de esquecer alguém, e tem vários incríveis e geniais.
LeiaJá - Quais são os projetos futuros?
Spok - Meus projetos futuros são presentes já. A gente está aí dividindo um trabalho com Lenine, vamos fazer três shows agora no Carnaval. Acabamos de fazer uma parceria com Daniela Mercury e ela ficou bastante empolgada. Falei pra ela: ‘Vamos unir os carnavais. Tem um lance da percussão baiana que é espetacular’. Tem outras coisas também, mas não gostaria de tocar no assunto agora porque são coisas que ainda vou comentar. O negócio é não parar de produzir.