No Marajó, culinária exótica é atrativo para turistas
Em entrevista ao LeiaJá Pará, a agente de turismo Andrea Scafi fala sobre a gastronomia marajoara
Búfalo, queijo, a maior ilha fluviomarítima. Assim como no artesanato, com grafismos singulares, o arquipélago do Marajó tem características próprias e é muito conhecido por suas riquezas naturais. Desta vez, a pauta é a gastronomia marajoara.
As iguarias marajoaras são uma verdadeira aventura gastronômica para aqueles que estão acostumados apenas com a maniçoba ou o tacacá – a culinária paraense, é o que a agente de turismo Andrea Scafi diz. “O comentário mais comum que a gente ouve falar, em relação à gastronomia marajoara, é a variedade de pratos que nós temos. Costumo dizer para o visitante que, se ele provou, se ele apreciou os sabores, as cores das nossas frutas e da nossa culinária na capital, aqui ele vai provar uma culinária diferenciada”, afirma. Clique no ícone abaixo e ouça a entrevista.
A agente de turismo diz que quando alguém visita o Marajó é, também, atrás das raízes e descobertas da culinária, que é toda especial. “O visitante vem ter contato com a natureza, vem ter contato com a nossa cultura, fazer um turismo de experiência, mas ele também vem atrás da boa comida”, fala.
Produzido em sete municípios, que vão dos Campos do Marajó, da Microrregião do Arari e Mesorregião Marajoara, o queijo de búfala, ou simplesmente queijo do Marajó, é uma das principais delícias que a região tem a oferecer. Seja tipo creme ou manteiga, o produto é comumente utilizado em pratos como filé de carne ou peixe, pizzas e recheio de tapiocas, por exemplo. Andrea fala que o queijo é uma das iguarias que o visitante explora bastante e sempre quer levar para criar novas receitas.
O queijo é considerado o ouro marajoara, um produto que tem ganhado cada vez mais espaço e reconhecimento. Em março do ano passado, o queijo de búfala teve a Indicação Geográfica (IG) concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) – restringindo o uso do nome às queijarias locais; e o Selo Arte – identifica o produto como queijo artesanal tradicional brasileiro e permite sua venda em todo o país.
O molusco turu, que vive principalmente em manguezais, é extraído do tronco de árvores e ficou conhecido por seus efeitos afrodisíacos; atualmente, é o mais procurado pelos turistas que vão à ilha somente para conhecer a cultura alimentar. “Ele vem atrás do turu. Ele vem conhecer esse molusco que é rico em cálcio e ferro. E ele não só quer ver no restaurante o caldo de turu pronto, quer saber como é retirado, como é feita a limpeza”, diz Andrea.
Outro prato bastante popular e considerado um carro-chefe regional é o que carrega duas das riquezas marajoaras mais conhecidas: o búfalo e o queijo, que resultam no filé marajoara, um prato com filé e queijo derretido.
O frito do vaqueiro, tradicionalmente servido no café da manhã, tornou-se comum para queles que querem começar o dia com mais "sustança" A iguaria recebeu esse nome porque era o principal alimento dos vaqueiros que andavam pelos campos durante dias. A carne deveria ser gorda e temperada apenas com sal, cozida na própria água e apurada na própria banha – quando endurecida, depois de fria, envolvia todos os pedaços protegendo-os da oxidação. Os vaqueiros levavam o alimento em latas e, no consumo, misturavam com farinha d’água.
De todos os tesouros exóticos que o Marajó tem, a culinária é patrimônio essencial. Andrea ressalta que a região possui características singulares. “A nossa identificação geográfica faz com que o nosso solo e a nossa temperatura térmica possam fazer com que esses produtos sejam únicos aqui na região do Marajó”, conclui.
Por Even Oliveira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).