Bolsonaro veta filmes LGBT na Ancine mas nega ser censura
Em vídeo, o presidente voltou a criticar produções com essa temática e garantiu vetar recursos
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar filmes com temática LGBT que buscam autorização da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para captar recurso pela Lei do Audiovisual. Após causar polêmica ao falar sobre o longa Bruna Surfistinha, Bolsonaro declarou, em uma transmissão ao vivo, na última sexta (16), que vai vetar recursos para produções com essa temática.
Durante a transmissão, Jair Bolsonaro citou alguns filmes que tratam do universo LGBT e de sexualidade - como Transversais, uma série documental que fala sobre o cotidiano de cinco pessoas transgênero do Ceará; e Afronte que mostra a realidade vivida por negros homossexuais no Distrito Federal. "Olha, a vida particular de quem quer que seja, ninguém tem nada a ver com isso, mas fazer um filme mostrando a realidade vivida por negros homossexuais do DF, não dá para entender. Mais um filme que foi pro saco". Além desses, Religare Queer e O Sexo Reverso também foram mencionadas.
O presidente negou estar censurando o cinema nacional e sugeriu que tais produções fossem financiadas pela iniciativa privada. "Quem quiser pagar, que fique à vontade. Não iremos interferir em nada. Mas, fomos garimpar na Ancine filmes que estavam sendo prontos para ser captados recursos no mercado". Em seguida, ele passou a lista com os títulos de algumas obras e, também, disse que se possível "degolaria" a direção da Agência se "não tivesse, em sua cabeça toda, mandatos".
A Ancine tem uma diretoria colegiada formada por três pessoas com mandatos de quatro anos. O órgão não comentou as declarações do presidente. Já a Associação de Produtores Independentes do Audiovisual (API), emitiu nota repudiando o posicionamento de Bolsonaro: "Repudiamos tal atitude pois entendemos que não cabe a ninguém, especialmente ao presidente de uma república democrática, censurar arte, projetos audiovisuais e filmes".