Diretor e produtor falam de sequência de O Iluminado
Doutor Sono estreia esse ano
Quase 40 anos depois de "O Iluminado", os corredores salpicados de sangue do hotel Overlook continuam aparecendo nos pesadelos de gerações de fãs do cinema de terror.
A obra-prima de thriller psicológico de Stanley Kubrick, uma adaptação do romance de Stephen King, marcou um antes e depois no gênero.
Mas Mike Flanagan, o diretor de "Doutor Sono", continuação da obra de terror de Kubrick, e também adaptada de um romance de King publicado em 2013, teve que enfrentar um drama muito diferente.
O diretor se viu obrigado a conciliar as visões dos dois gigantes criativos, já que King odiava a adaptação cinematográfica de Kubrick, falecido em 1999, pelas liberdades que este último havia tomado com seu argumento e seus protagonistas.
"Isso foi aterrador", disse Flanagan. Para ele, conseguir ter a bênção de King marcou "o momento mais angustiante" de sua carreira.
"A esperança era gerar algum universo no qual Stephen King e Stanley Kubrick pudessem amar este filme", disse a jornalistas em uma apresentação do trailer de "Doutor Sono" em Los Angeles, que estreará em 30 de outubro.
A tentativa de atingir esse objetivo "foi a fonte de todas as úlceras que tivemos nos últimos dois anos", afirmou.
O trailer contém várias imagens familiares para os espectadores do filme de Kubrick, incluindo um jovem Danny Torrance que pedala em seu triciclo pelos corredores do hotel, e a palavra "Redrum", "Assassinato" em inglês, escrita ao contrário em uma parede.
O produtor Trevor Macy disse que cada cena icônica havia sido recriada com minucioso cuidado dos detalhes, embora o momento mais recordado - quando se abre a porta de um elevador e se derrama uma cascata de sangue - foi tomado diretamente da obra de Kubrick.
O trailer tem um final inquietante, com Ewan McGregor, que interpreta Dan adulto, quatro décadas depois, olhando através do enorme buraco em uma porta cortada com um machado, que devolve o espectador às cenas de Nicholson.
- "Atmosfera sufocante" -
Os cineastas disseram que haviam assegurado a bênção de King para fazer uma versão fiel de seu livro, que ainda poderia existir no "universo cinematográfico" de Kubrick.
Mas o projeto se tornou mais difícil porque King, ao escrever a sequência, "ignorou ativa e intencionalmente tudo que Kubrick havia mudado", incluindo alguns dos personagens assassinados no filme, explicou Flanagan.
Um novo personagem é Abra, uma jovem que possui uma versão ainda mais forte dos mágicos poderes "resplandecentes" de Dan.
Escolher a protagonista implicou ver 900 meninas, para finalmente selecionar Kyliegh Curran para seu primeiro grande papel, superando estrelas infantis mais experientes.
Abra e Dan se unem para enfrentar vilões sobrenaturais que se deleitam com aqueles com poderes, o que obriga Dan a enfrentar seus demônios internos que surgem de sua estada no Overlook em uma vida anterior.
O filme, assim como seu antecessor, tem como objetivo assustar os espectadores criando tensão e uma "atmosfera sufocante", em vez de simplesmente assustá-los com os habituais efeitos de "sobressaltos", disse Flanagan.
"Tomamos muitas das lições de Kubrick sobre como fazer um thriller psicológico", disse, acrescentando que o filme é "ferozmente protetor" do texto de King.